A arte de fingir

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

A direcção do PS/M, pode fingir que não perdeu eleições, até pode dizer que teve os melhores resultados de sempre, a verdade crua e dura é que, com maior ou menor expressão, saiu derrotada dos três últimos actos eleitorais: as Europeias, as Regionais e as Nacionais.

Não aceitar esta realidade, só pode ser fingimento ou denegação da verdade.

Mas isto é também uma derrota da estratégia delineada: o Presidente do PS /M não seria o candidato à Presidência do Governo Regional, deixando essa tarefa a um independente, neste caso, o autarca do Funchal, que encabeçaria a lista de deputados.

A verdade é que, apesar do manifesto desgaste e cansaço da governação PSD, da vontade de mudança do eleitorado e da concentração do voto útil na lista do PS/M, os resultados ficaram aquém do desejado e da almejada vitória.

Esta derrota é também do candidato independente, pois ainda não percebeu que, dificilmente, se voltarão a reunir condições tão favoráveis para uma vitória.

Por tudo isto, acho de uma desfaçatez e arrogância insuportáveis, vir a público dizer, mesmo que por outras palavras, o seguinte:

“- O ciclo político do actual Presidente do PS/M, está esgotado. Vou-me filiar no Partido Socialista e ser candidato à liderança. Já falei com o Emanuel Câmara e com o Carlos Pereira e conto com o apoio deles.”

Isto é, de uma penada só, meteu-os no “rabo de uma agulha”, como soi dizer-se em linguagem popular.

Que eu saiba, ainda é o universo de militantes socialistas, entre os quais me incluiu, e não apenas dois, que elegem o seu Presdente.

O PS/M, pelo seu percurso político e pela sua história merece bem melhor.

Rafael Jardim