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Uruguaia Ida Vitale vence Prémio FIL de Literatura 2018 em Línguas Românicas

Foto: D.R.
Foto: D.R.

A escritora uruguaia Ida Vitale venceu o prémio FIL de Literatura 2018 em Línguas Românicas, que será entregue a 24 de novembro, na abertura da Feira do Livro de Guadalajara, no México, foi hoje anunciado.

A “depurada voz” de Ida Vitale “sabe renovar a tradição e afirmar a sua presença na modernidade”, argumentou o júri para a atribuição do prémio, por unanimidade, à escritora, que considera “uma força poética no âmbito da língua espanhola”.

“Lúcida e atenta à existência humana na palavra e a partir dela, a sua refinada voz poética, ligada ao mundo natural, às expressões artísticas e ao passar do tempo vivido, sabe renovar a tradição e afirmar a sua presença na modernidade”, lê-se na ata do júri internacional que atribuiu o prémio, conforme comunicado da organização da Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara.

O júri integrava o escritor Héctor Abad Faciolince, a investigadora de literatura hispânica Luz Elena Gutiérrez de Velasco, o catedrático do departamento de Literatura Comparada da Universidade da Califórinia (Los Angeles) Efrain Kristal, a escritora, editora, tradutora e docente e cofundadora da revista Granta Valerie Miles, a professora de teoria literária e estudos culturais na Universidade de Bucareste Carmen Musat e a escritora, licenciada em artes cénicas pela universidade de Florença, Elena Stancanelli.

Na passada quinta-feira, o escritor e ensaísta Eduardo Lourenço foi anunciado como um dos candidatos ao Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas, num ano em que a Feira do Livro de Guadalajara tem Portugal como país convidado.

A candidatura de Eduardo Lourenço, em 2018, ao prémio, foi uma iniciativa da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), em parceria com Camões -- Instituto da Cooperação e da Língua e com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Nascida em Montevideo, em 02 de novembro de 1923, Ida Vitale é poeta, jornalista, tradutora e crítica literária.

Entre a vasta obra publicada da autora, o júri que lhe atribuiu o mais prestigiado prémio da Feira do Livro de Guadalajara destacou “La luz desta memoria”, “Procura de lo imposible”, “Léxico de afinidades”, “Sueños de la constancia” e “Cada uno en su noche”.

“A sua curiosidade insaciável expressa-se com uma fina ironia risonha, com um olhar por vezes direto, outras vezes tangencial, que recupera e reinventa as coisas e nos faz vê-las de outra maneira, com novos olhos”, acrescenta o júri.

A escritora e poetisa pertenceu à chamada Geração de 45, que integrou igualmente os escritores Mario Benedetti (1920-2009) e Juan Carlos Onetti (1909-1994), e que especialistas consideram o mais importante movimento da literatura uruguaia do século XX.

Ida Vitale estudou Humanidades e lecionou até 1974, quando a ditadura militar a obrigou a exilar-se no México, durante dez anos.

Colaboradora de jornais e revistas, no México, fez também parte do conselho assessor da revista Vuelta e do grupo fundador do periódico Unomasuno.

Sem obra publicada em português, de acordo com o catálogo da Biblioteca Nacional, Ida Vitale traduziu, contudo, em 1968, as “Cartas de amor de la religiosa portuguesa”, publicadas em Montevideo, no Uruguai, pela Arca-Galerna.

Entre os prémios que recebeu contam-se o Prémio Internacional Octavio Paz de Poesia e Ensaio, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana (2015) e o Internacional de Poesia Federico García Lorca (2016).

É também doutora honoris causa pela Universidade da República do Uruguay.

O prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara tem o montante de 150 mil dólares norte-americanos (aproximadamente 129 mil euros) e destina-se a reconhecer autores que dedicaram uma vida à literatura.

Este ano a organização do galardão contou com 79 propostas, de 17 países, em que estiveram representados 62 escritores e seis idioma (catalão, espanhol, francês, italiano, português e romeno).

Tal como determina o reguamento, as candidaturras foram apresentadas por instituições culturais, associações literárias, editoriais e membros do júri.

Fernando del Paso, António Lobo Antunes, Margo Glantz e Claudio Magris contam-se entre os autores já contemplados com o prémio.