Artigos

“Estão nem aí”!

A entrevista do Presidente Executivo da TAP ao Semanário Expresso, chocou os Madeirenses e os Porto-Santenses pela frieza, falta de noção do significado do Princípio da continuidade territorial e insensibilidade face à condição insular. As repercussões destas afirmações já foram devidamente escrutinadas e a população da Madeira e do Porto Santo ficou uma vez mais com a certeza de que quer a TAP, quer o seu acionista maioritário (O Estado) “estão nem aí” para os nossos constrangimentos ao nível da mobilidade.

Analisando ainda outros temas da entrevista, afirma o sr. Eng. Antonoaldo ter uma estratégia de crescimento para a empresa, ambiciosa, mas que, pasme-se, não passa pela melhoria de serviço para as Regiões Autónomas, redução de preços nestas operações domésticas, ou aumentos das frequências, como seria de esperar de uma companhia de bandeira nacional.

Passa antes pela introdução de novas rotas para, de entre outros, pasme-se outra vez, Banjul (capital da Gâmbia), Conacri (capital da República da Guiné Conacri) e Tenerife (aqui será curioso ver os preços praticados face aos da rota Funchal-Lisboa).

Não se percebe que seja afirmado, taxativamente e sem qualquer pudor, que a TAP é uma empresa vocacionada para o longo curso, que o médio curso é apenas para alimentar o longo curso, que o objetivo da empresa é maximizar os passageiros em trânsito e não, como seria de esperar, prestar um bom serviço de mobilidade aérea aos portugueses (onde se inclui naturalmente os insulares residentes nas Regiões Autónomas).

Seria ainda de esperar que a TAP a abrir novas rotas, tivesse em consideração os países onde residem milhões de descendentes (mercado da emigração), como são os casos da África do Sul, da Venezuela, do Reino Unido, França, Suíca, enfim.

Neste particular, no caso da diáspora madeirense, tendo sido, justamente, reivindicada a ligação direta de Portugal para a África do Sul e para a Venezuela. A TAP e o sr. Eng. Atonoaldo, bem como o acionista Estado, uma vez mais “estão nem aí”. Preferem ligações à Gâmbia e à República da Guiné Conacri...

E o que dizer do facto de que de Londres para o Funchal, atualmente, temos seis companhias aéreas que ligam diretamente os dois destinos. No Reino Unido reside uma enorme comunidade de madeirenses e a TAP, uma vez mais, acha desinteressante incluir nas novas rotas uma ligação direta, obrigando os nossos emigrantes a terem que viajar em companhias estrangeiras e não na sua companhia de bandeira.

O Estado tem que, na sua qualidade de acionista, através dos seus administradores nomeados, intervir e inverter esta orientação estratégica da empresa, colocando-a ao serviço de Portugal e dos Portugueses. Se for para deixar a companhia em auto-orientação estratégica, não se percebe o porquê de manter maioria do capital da empresa. O Estado e o governo da geringonça tem que deixar de “estar nem aí”!