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Brasil usa exército na fronteira em Roraima

Foto REUTERS/Nacho Doce
Foto REUTERS/Nacho Doce

O decreto aprovado pelo Presidente brasileiro, Michel Temer, que autoriza o uso de tropas do exército no estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, ficará vigente entre hoje e 12 de setembro.

O Presidente brasileiro autorizou hoje o uso de tropas do exército no estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, para garantir a segurança com a chegada de milhares de imigrantes venezuelanos nos últimos meses.

As forças armadas brasileiras já estavam presentes em Roraima, participando na “Operação Bem-vindo”, de caráter humanitário e que recebe os venezuelanos que fogem da crise política, económica e social do seu país e decidiram reconstruir as vidas no Brasil.

Michel Temer assinou hoje, no entanto, um decreto garantindo as condições para que o exército também atue em situações relacionadas com a segurança nas operações de Roraima, um dos estados mais pobres do país e que tem sido atingido pelo êxodo dos venezuelanos, de acordo com as autoridades regionais.

“Autorizo hoje o uso das forças armadas” para “oferecer segurança aos cidadãos brasileiros e aos imigrantes venezuelanos que fogem do país em busca de refúgio” no Brasil, disse Temer numa breve declaração, em Brasília.

O chefe de Estado adiantou que tomou a decisão para complementar as ações sociais promovidas pelo Governo central em Roraima diante “do fluxo cada vez mais do intenso” de imigrantes venezuelanos.

Temer indicou ainda que estas medidas tentam “minimizar os impactos do desastre humanitário”, “resultado das más condições de vida” a que é “submetido o povo venezuelano”.

As autoridades brasileiras estimam que entre 600 e 700 venezuelanos entram diariamente no Brasil, embora apenas 20 a 30% permaneçam.

O anúncio sobre o uso das forças armadas para garantir a segurança vem um dia depois de o líder do Governo no Senado, Romero Jucá, ter decidido abandonar essa posição por divergências sobre como lidar com a crise imigratória em Roraima.

Por outro lado, há dez dias houve incidentes violentos em Pacaraima, quando os brasileiros daquela pequena cidade fronteiriça atacaram os acampamentos dos venezuelanos e queimaram os seus pertences.

Esses protestos fizeram com que pelo menos 1.200 venezuelanos decidissem regressar ao seu país e o Governo brasileiro reforçar as medidas humanitárias já implementadas.

Antes destes incidentes, o Governo tinha autorizado o envio a Roraima de 120 membros da Força Nacional, uma força policial especial, para reforçar também a segurança.

No entanto, essas iniciativas são insuficientes para o governo estadual de Roraima, que solicitou repetidamente o encerramento temporário da fronteira com a Venezuela antes da saturação dos serviços públicos, algo anteriormente negado pela Justiça e rejeitado de imediato pelo executivo central.

O Governo brasileiro, porém, não especificou a quantidade de soldados que serão enviados para Roraima.

Nos últimos dois anos, cerca de 56 mil venezuelanos fugiram do seu país e pediram refúgio ao estado brasileiro, de acordo com dados do Governo divulgados em junho.