Se eles soubessem
Se ELES soubessem.... Mas não sabiam, nem tão pouco sonhavam ou previam.
Se ELES soubessem que, poderiam enriquecer tão facilmente, quando para enriquecerem demoravam tanto tempo.
Se ELES soubessem que, poderiam explorar não só os analfabetos e os filhos de gente pobre, mas também jovens licenciados e filhos de gente nobre.
Se ELES soubessem que, podiam roubar, ainda mais do que roubavam, enganar, burlar, corromper, sem (quase) nada lhes acontecer.
Se ELES soubessem que, a LIBERDADE que tanto temiam, afinal, mais a eles do que a ninguém, servia.
Se ELES soubessem que, as GREVES que só em pensar nelas lhes apavorava, afinal só a classes trabalhadoras privilegiadas estavam (verdadeiramente) consignadas.
Se ELES soubessem, de verdade, que no desempenho de certas funções públicas, poderiam insultar, denegrir, perseguir, asneirar, e cometer algumas (pequenas) barbaridades, refugiando-se numa absurda Lei da IMUNIDADE.
Se ELES soubessem que, servir o Estado, era um emprego principescamente remunerado e com futuro para toda a família assegurado.
Se ELES soubessem que, fazendo parte- por vezes - da liderança de um Partido politico era suficiente para que o seu futuro, dos familiares e amigos, estivesse decididamente resolvido.
Se ELES soubessem que, bastava integrar um parlamento, para disporem de um chorudo vencimento, mais regalias socias e reformas de espantar até a morte os levar.
Se ELES soubessem que poderiam investir os dinheiros públicos - mal ou bem- e agir como se não tivessem que prestar contas a ninguém.
Se ELES soubessem que, dever ao Estado milhões, era, em muitas circunstâncias, muito menos grave do que dever “tostões”.
Se ELES soubessem que, para que a taxa de desemprego fosse reduzida, era-lhes permitido a prática da maior exploração e escravidão só há muitas décadas permitida.
Se ELES, os” fascistas”, “reacionários”, “capitalistas”, do outro tempo, soubessem que tudo isto acontecia no socialismo e na democracia, tinham dado cabo do Salazar, uns 20 ou 30 anos, antes do 25 de Abril chegar.
ELES não sabiam e nós, jovens nessa época, também não, caso contrário não tínhamos tanto aplaudido a Revolução.
ELES não sabiam, nem podiam adivinhar, que a Europa um dia nos viria a sustentar. No tempo deles - e isto é verdade pura – aquilo que o nosso país precisava – dinheiro – toda a Europa andava à procura.
Ai do infeliz, Inglês, Alemão ou Francês, que pensasse em mandar milhões a “fundo perdido” para o nosso País. Podíamos rezar pela sua alma, era pendurado numa estaca, em Londres, Berlim ou Paris.
Por isso é grande, muito grande a nossa deceção!
E triste, muito triste, termos motivos para chegarmos a esta conclusão!
Juvenal Pereira