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Orgulho de ser português

O ano passado estava eu a ver o Festival da Eurovisão com a minha filha Maria e quando tudo acabou, com a vitória de Portugal, como sabemos, ela olhou para mim e disse-me: “pai parece que estas emocionado”. E estava! E respondi-lhe: “oh filha, tu não sabes o que é estar uma vida inteira sem ganhar nada onde Portugal participou”.

Era uma espécie de frustração por não ter um Ronaldo ou ser Campeões da Europa de Futebol, ter um Pimenta no remo ou uma Telma Monteiro no judo, etc.

Não havia espírito competitivo e isso reflectia-se nos resultados a atingir (a não ser nos Jogos sem Fronteiras, mas isso era uma brincadeira de crianças).

Todos nós que trabalhamos na promoção turística sabíamos que não era possível aumentar os fluxos turísticos. sustentadamente sem Portugal “estar de moda” como realmente está.

Porque é que estou com esta conversa toda?

Deveu-se à Maria que chegou, vinda da Toscania, onde participou num Seminário internacional sobre liderança para cerca de 30 pessoas. Veio quase eufórica porque despertou a curiosidade dos presentes, uns porque já tinham estado em Portugal, outros que faziam tenções de vir e ainda outros que lhe contavam algo da história do país, mas ela teve de responder a todos, inclusivamente um sueco que lhe terá dito «sabes quantos suecos pediram a nacionalidade portuguesa em 1916? 7, e em 1917, 717». E ainda outro sueco que lhe diz que esteve em Portugal dois anos e quase a chorar de comoção lhe diz que vai voltar para acabar um trabalho ao que ela retorquiu: “então já sabe o que é a saudade?” e ele confidenciou-lhe que sim. Isto diz tudo sobre a atracção que Portugal exerce nos estrangeiros que nos visitam (a segurança e o regime fiscal aplicável ajudam muito).

Continuando, a minha filha disse-me: “Pai, já sei o que te atormentava o ano passado pois não imaginava que Portugal fosse tão popular no estrangeiro, como é. Eu mesma, noto a diferença de tratamento que recebo pois ando pelo estrangeiro só ácerca de quatro anos e sei que não passo indiferente na rua, ou no escritório, já que passei da «portuguesinha» desconhecida á pessoa de quem se fala precisamente por ser portuguesa, o que me deixa sentir um certo orgulho em ser portuguesa”.

Dito isto, a promoção turística portuguesa fica naturalmente facilitada pois não vale a pena fazer as habituais campanhas de imagem, que quase consumiam metade dos recursos disponíveis, não se justificando a mesma porque o país já tem «awareness» que chegue.