Madeira

JPP organiza jornadas sobre a saúde e reúne diversos especialistas

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O grupo da Saúde do Juntos pelo Povo (JPP), coordenado por Rafael Macedo, deu inicio, este sábado, 19 de Maio, a um conjunto de debates sobre o Estado da Saúde na Região Autónoma da Madeira (RAM).

Esta primeira ronda de debates foi constituída por Miguel Ferreira, antigo director clínico e presidente do Conselho de Administração do SESARAM, António Quintal, médico cirurgião graduado do SESARAM, E.P.E., Abel Viveiros, enfermeiro e chefe da Unidade de Cuidados Intensivos do SESARAM, E.P.E. e Beatriz Fernandes, farmacêutica do hospital.

A actividade que decorreu ao longo de toda a manhã, focou alguns dos aspectos estruturantes da Saúde na RAM como seja a ausência de um diagnóstico sustentado e objectivo das necessidades do sector da Saúde, na Região; o papel menorizado dos centros de saúde num modelo orientado pela ênfase hospitalar, conduzindo a situações de ruptura pela consequente incapacidade real de resposta; a falta de articulação entre o sector da Saúde e o Instituto de Segurança Social da Madeira, IP-RAM, mantendo-se as situações de altas problemáticas que, segundo as informações disponibilizadas, rondam as 30, por dia, além das situações da falta de medicação que ainda subsistem na farmácia hospitalar, pese embora “melhorias a que se tem assistido, nos últimos tempos”, tal como referiu a Beatriz Fernandes.

As limitações do sector da Saúde, em detrimento do sector financeiro, quer seja ao nível regional, quer ao nível nacional, traz grandes constrangimentos aos profissionais que se vêm limitados no desempenho das suas funções e, com consequências directas para os utentes, frisou Miguel Ferreira que defende uma gestão orçamental da saúde “feita por quem está na área e sabe o que é necessário”, não concordando com as “finanças a gerir a saúde”.

António Quintal salientou o facto dos serviços de urgência, actualmente, prestarem serviços que deverão ser prestados ao nível dos cuidados de saúde primários, sendo “inadmissível” o Funchal, com mais de 60% da densidade populacional da Região “não ter um serviço de urgências situado num dos seus centros de saúde, aliviando assim as urgências para aquilo que é a sua verdadeira função”.

O enfermeiro Aber Viveiros frisou a necessidade urgente de concertação entre as Secretarias da Saúde e da Inclusão e dos Assuntos Sociais na resolução das conhecidas “altas problemáticas” sendo fundamental que o acompanhamento e monitorização das situações de doença funcionem, o que não acontece com o rastreio ao cancro do cólon e do recto que “na RAM, não funciona”.

Beatriz Fernandes frisou que a falta de medicamentos no Hospital “já está melhor”, no entanto, é necessário “fazer opções tendo em conta os constrangimentos orçamentais”, sendo certo que os utentes, muitas vezes, têm de comprar medicação.

Foi transversal, ao longo do debate, a excelência dos profissionais de saúde que exercem funções na RAM, contudo, “os profissionais precisam de equipamentos e infraestruturas para poderem trabalhar”. Segundo Miguel Ferreira, a bandeira não deverá ser a construção de um “novo hospital” pois os problemas vão “subsistir”. Defende sim a “criação de condições com uma ampliação ao já existente que permitiria uma poupança considerável visto que esta ampliação teria comparticipação comunitária na ordem dos 85%”. Frisou ainda a necessidade de uma “gestão hospitalar orientada pelo conhecimento dos profissionais do sector que têm na sua posse os números reais”.