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Sétima edição do Family Film Project premeia filme autobiográfico

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Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia, que decorreu no Porto, premiou o filme israelita “Stains”, de Yekaterina Diakova, sobre a relação entre um pai e uma filha.

A decisão do júri,ontem anunciada pela organização, pretende “valorizar o modo como a realizadora articula a dimensão íntima com a esfera do público”, destacando com o Grande Prémio o documentário autobiográfico de 2017, com uma hora de duração e de produção israelita.

“Stains” aborda a “relação difícil e recheada de silêncios de uma filha com o seu pai alcoólico”, na ótica de uma sociedade em “desmoronamento” e uma escala “de um tempo simultaneamente político e pessoal”.

Diakova nasceu na Ucrânia mas emigrou para Israel com 17 anos, tendo estreado no Festival Internacional de Cinema Documental de Tel Aviv (DocAviv) 2017 a estreia em longas-metragens, após as curtas “Distances” (2007) e “Tea” (2009).

A obra é autobiográfica, contextualizando a saída de Diakova de solo ucraniano em busca de retomar e documentar a relação com o próprio pai, transformando-se depois numa representação “de uma geração perdida de homens na sequência da queda do comunismo”.

Gabriela Vaz Pinheiro, Regina Guimarães e a norte-americana Paula Rabinowitz constituíram o júri do evento, que decorreu entre 15 e 20 de outubro no Passos Manuel, no Maus Hábitos e no Coliseu do Porto.

Foi ainda atribuída uma menção honrosa à curta-metragem experimental “The Houses We Were”, da italiana Arianna Lodeserto, que explora a política de urbanismo em Itália como “uma denúncia fundamentada dos efeitos da gestão do património imobiliário praticada pelo capitalismo neoliberal sobre as vidas domésticas dos cidadãos”.

Na categoria de ficção, o galardão recaiu sobre a produção portuguesa “Memoriam”, de Andreia Pereira e Rita Manso, com o filme, com a duração de sete minutos e estreado este ano, destacado pelo júri como um trabalho de interrogação poética.

“’Memoriam’ alia a utilização pertinente de uma figura possibilitada pela tecnologia a uma interrogação inquieta acerca da origem da poesia em conexão com o risco de apagamento das imagens”, escreveu o júri.

O festival contou com 14 filmes em competição, além de programação paralela com performance, instalações multimédia e ‘masterclasses’, com Daniel Blaufuks como artista convidado na sétima edição.