Madeira

Cafôfo ouvido na Assembleia sobre a tragédia do Monte depois das eleições

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A 5ª Comissão de Saúde e Assuntos e Assuntos Sociais, da Assembleia legislativa da Madeira, presidida por Marco Gonçalves aprovou, esta manhã, um pedido de audição parlamentar sobre a tragédia do Monte, apresentado pelo deputado independente, Gil Canha.

A audição do presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, por proposta do PSD-M, só deverá acontecer depois das eleições do próximo dia 1 de Outubro.

O requerimento foi aprovado, com votos a favor do PSD, CDS e PS e abstenções de JPP e CDU.

Gil Canha, autor da proposta, rejeita as acusações de aproveitamento político da tragédia e recorda que esta foi sempre a sua postura cívica.

“Este meu pedido de audição é o corolário da minha actividade cívico-política. Durante muitos anos, eu e um grupo de cidadãos, sempre interviemos nos problemas da Madeira e não seria agora, devido a uma máquina de propaganda feroz que seria diferente. Essa máquina de propaganda atroz é suportada pelos grandes grupos que ganharam com o jardinismo e agora estão ricos e que manipulam e instrumentalizam os políticos”, acusa.

O deputado independente entregou o requerimento para a audição 6 de Setembro, três semanas depois da tragédia. “Queremos ouvir o principal responsável por aquilo que aconteceu no Monte. A população tem de ser esclarecida porque houve muita cortina de fumo, houve muita desinformação à volta deste assunto”, justifica Gil Canha que denuncia a “máquina de propaganda que está no terreno para que não se chegue ao fundo do que aconteceu”.

Para o deputado, é “legítimo que seja o senhor presidente da câmara, o principal responsável pelo espaço e a pessoa que foi notificada de determinadas situações, esclareça”.

O requerimento foi viabilizado pelo PSD-M que através de João Paulo Marques deixou claro que a audição só deverá acontecer depois das eleições.

“É importante separar aquelas que são as responsabilidades judiciais das responsabilidades políticas. Se as responsabilidades judiciais devem ser apuradas nos tribunais, nesta fase no Ministério Público, as responsabilidades políticas têm de ser apuradas na Assembleia Legislativa, pela dimensão do que se passou no Monte”, afirma.

O deputado social-democrata considera importante que seja Paulo Cafôfo a esclarecer os madeirenses.

“Se o senhor presidente da Câmara do Funchal não está disponível para esclarecer, de livre vontade e publicamente, a sua responsabilidade e do seu executivo no que se passou no Monte, então é dever desta assembleia permitir que esse esclarecimento aconteça e trazer o senhor presidente da CMF à Assembleia Legislativa. O que os madeirenses esperam dos seus lideres é que assumam as responsabilidades e não que se multipliquem em desculpas e justificações”, sublinha.

Para João Paulo Marques, as questões a esclarecer são simples: “Os madeirenses querem saber quem organizou o arraial do Monte, quem é que ganhou dinheiro com a emissão e licenças para o arraial, quem era responsável pela manutenção daquele espaço e são estas perguntas que continuam sem resposta e que o senhor presidente da CMF se recusa a responder”.

No debate na comissão, Patrícia Spínola, do JPP, Mário Pereira, do CDS e Sofia Canha, do PS, defenderam a audição mais entidades envolvidas na tragédia do Monte em que a queda de um carvalho matou 13 pessoas.

Sofia Canha considera que a reunião da comissão já poderia ser considerada um “aproveitamento político” da tragédia.