Carta aberta a um benfiquista

Meu Caro, acabo de chegar de Guimarães, aonde assisti a uma partida do calendário desportivo nacional, fácil de explicar e sem polémica, apesar dos 29 graus sentidos deste calor de agosto. Assim indicava o placard, aonde se iam somando os golos. O SCPortugal marcou bem cedo e chegou aos 5, mas bem que podiam ser 7. Um resultado histórico para os lagartos. Os “Conquistadores! da cidade berço, pareciam bebés bastante macios, e foram derrotados sem apelo nem agravo, e a imagem que trago, é aquela que se costuma aplicar a uma equipa que é incapaz demais. Isto é. Se o Vitória ainda andasse a maltratar a bola naquele relvado, sem soluções visíveis nem previsíveis, a esta hora, o que lhe podia acontecer era perder por mais golos, e nunca marcaria um golo de honra ou para diminuir a desonra. Irreconhecível este clube da terra do Fundador. Parece que há equipas que se agigantam só em jogos em que defrontam os da Luz, e comportam-se como se fizessem o jogo da vida deles. O Sporting exibiu capacidade, eficácia, foi sempre superior e marcou o ritmo durante o tempo regulamentar, sem dar hipótese alguma, excepto num ou outro desacerto dos leões menos concentrados, e uma ou outra fífia de Patrício, que podia fazer alterar o score sem expressão no resultado final. Foi um belo espectáculo. O Estádio dos vimaranenses está bonito, bom relvado, assistência agradável e duas claques que fizeram espectáculo com superior comportamento. Já há muito que não assistia a um jogo ao vivo. Há uma grande e feliz diferença, entre assistir na TV e estar no Estádio entre tanto ânimo de tanta garganta equipada a rigor com as cores agitadas por cachecóis e bandeiras, umas grandes, outras gigantes. Se quiser ouvir hinos afinados e cânticos estudados, que nos fazem estremecer, e até emocionar, mesmo a mim que era um adepto neutro, que marquei presença apenas porque ansiava ver um jogo de futebol que à partida me pareceu interessante, constatará que no Estádio D. Afonso Henriques é o local que nos pode surpreender, no bom sentido. A derrota foi bem mastigada pelos da casa e bem gerida pelos leões que saíram a sonhar mais com o objectivo de ganhar o título. Ordeiramente, todos se dirigiram para as portas de saída que nos retêm por tempo demasiado e desesperante, terminado o jogo, e calmamente todos tomaram o rumo dos seus destinos. Um belo espectáculo, aonde todos digeriram o resultado acontecido. Vitória justa dos orientados por Jesus. Eu que desejava que assim não fosse. Agora que ligo a TV, tomo conhecimento que o nosso glorioso, também aplicou a chapa 5, aos do Restelo, que não têm Jesus mas ostentam a Cruz de Cristo no peito. Somos os maiores, e o penta parece estar ao alcance. Capacidade, querer e “muchas ganas” é o que é preciso. Não podemos descolar!