Artigos com imagem de Francisco são escassos e vendem pouco em Fátima
A aproximação da data da visita do papa Francisco a Fátima não se tem traduzido em vendas de artigos religiosos com a sua imagem, que existem em pouca quantidade e variedade nas lojas próximas do Santuário.
“Por enquanto as pessoas não perguntam por artigos do papa Francisco. Pedem mais coisas relacionadas com o Centenário (das Aparições de Fátima)”, disse à agência Lusa Albertina Oliveira, que tem uma loja na praceta de S. José.
A cerca de um mês da visita papal, na pequena loja de Albertina Oliveira os únicos artigos religiosos alusivos ao papa Francisco são ímanes para frigoríficos, que passam despercebidos no meio das estatuetas da Nossa Senhora de Fátima e das caixas coloridas dos terços, os artigos que mais continua a vender.
O mesmo referiu a sua vizinha Rosa Cheinho. “As pessoas ainda não estão a pedir artigos relacionados com o papa Francisco”, disse.
“Eu tenho pouca coisa com ele e o que tenho vende pouco”, contou.
Rosa Cheinho tem à venda pequenas estatuetas quer de Francisco, quer de João Paulo II, mas são as deste -- que visitou Fátima três vezes (1982, 1991 e 2000) -- as mais vendidas.
“João Paulo II veio cá muitas vezes, era muito humilde e muito querido. Este (Francisco) também é, mas ainda não veio cá. Pode ser que comece a vender depois da sua visita a Fátima. Logo se vê”, afirmou.
Já a comerciante Fátima Gil tem apenas caixas de terços e velas com imagens de Francisco, “só mesmo para ter algo dele para o caso de algum cliente pedir”, porque “o próprio papa deu a entender que não gosta que metam a imagem dele em muitas coisas”.
“Ele tem razão em não querer, porque ainda está vivo. Com o João Paulo II é diferente, porque ele já morreu, já é santo (foi canonizado em 2014) e é normal que haja muitas imagens dele”, considerou.
Do outro lado do recinto do Santuário, Luísa Freitas tem na sua loja uma maior variedade de artigos com imagens de Francisco: t-shirts, porta-chaves, canecas, velas, dezenas, imanes, etc.
“Mas não vendo quase nada. As pessoas não procuram artigos do papa, mas sim do centenário”, frisou.
Na sua opinião, estes artigos só terão mais venda quando o papa Francisco estiver em Fátima, a 12 e 13 de maio, “mas depois vai voltar tudo ao mesmo e o que vende é a imagem de Fátima”.
“Nesses dias é que esses artigos vão vender mais, porque as pessoas vêm cá ver o papa e depois querem levar uma recordação”, considerou.
Tal como Fátima Gil, Luísa Freitas relaciona as fracas vendas com o facto de Francisco estar vivo.
“Ele ainda está vivo, as pessoas ainda o estão a ver em carne e osso. E, como é habitual na nossa mentalidade, só se louvam as pessoas depois de morrerem”, referiu.
Por enquanto, e à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos, vende sobretudo pequenos artigos com imagens de Fátima, cujo preço não ultrapassa os dois euros, como pulseiras, porta-chaves e ímanes.
Na loja de António Reis, os clientes também procuram mais os artigos pequenos e baratos.
Foi o caso de Cila Mota, natural do Caramulo, mas que está emigrada no Canadá e que, entre vários ímanes para frigorífico com imagens de Nossa Senhora de Fátima, comprou também um com a imagem de Francisco.
“Como já não venho cá no próximo mês, quando o papa cá estiver, é uma recordação que levo comigo”, justificou.
Francisco será o quarto papa a visitar Fátima, a 12 e 13 de maio, vai presidir ao centenário das “aparições” na Cova da Iria e tem encontros previstos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa.
Os anteriores papas a estar em Fátima foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).