Madeira

Ser voluntário para “não ficar num canto”

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Ser voluntário e contribuir é em altura de crise um desafio que se coloca à consciência e às carteiras das pessoas. Qualquer ajuda é bem-vinda desde que a boa educação e o sentido de responsabilidade reine dentro do voluntariado. Durante o dia de hoje, a multinacional SONAE, em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa, levou a cabo uma recolha de alimentos através da cadeia de supermercados Continente.

Na Rua do Seminário, nesta tarefa solidária que abrangeu toda a Região, estava Cecília Gonçalves, de 68 anos, que sempre teve na cabeça algum dia poder ajudar os mais necessitados. Depois de deixar o ofício de bordadeira decidiu “não ficar em casa o dia todo” e foi logo inscrever-se na Cruz Vermelha. “Liguei para as informações e pedi o número [da Cruz Vermelha] para fazer voluntariado”, confessou.

A ideia passa por manter-se ocupada e praticar o bem, porque não tem ninguém em casa e não quer “ficar num canto”. “Levantei-me cedo e estou contribuindo”, afirmou. Quanto à receptividade das pessoas elas “costumam aderir, mas acho que os mais pobres, que têm uma consciência enorme, contribuem mais do que as pessoas que têm possibilidades”, pois “há pessoas que têm muito e são egoístas, não olham para onde mais se precisa”, pedindo um pouco mais de compreensão àqueles que nem uma palavra lhe dirigem.

“Ninguém obriga ninguém, se eu entrasse para comprar só uma coisa e não tivesse dinheiro para mais eu dizia que naquele dia não podia. Uma pessoa quando não pode contribuir diz não posso”, finalizou Cecília, que está consciente de que “a vida está difícil para toda a gente”.

Com 21 anos e já com 3 anos de experiência a lidar com este tipo de acções, Raquel Vieira era outra das voluntárias presentes. A jovem diz que “isto não é uma novidade” porque também já foi escuteira e colaborou com a Caritas.

“É sempre bom ajudar, não sabemos o dia de amanhã, hoje estou bem, amanhã posso ser eu a precisar de ajuda”, começou por explicar as suas motivações. Em relação à disposição dos clientes “tem uma vez ou outra que nos falam mal, mas faz parte”, confessando que “existem pessoas extremamente educadas, que podem não contribuir mas são educadas”, e essas “merecem um cantinho no céu”.

Lídia Assis foi uma das consumidoras que contribuiu para a causa, pois na sua opinião “há pessoas que não têm trabalho e devem de ter uma refeição”, sendo que “cada um dá aquilo que pode”. Por outro lado, Gorete Olim, na hora de ajudar, pensa “nas crianças, nos velhinhos e nos desempregados que não têm de comer” e salienta que este tipo de iniciativa “deve acontecer mais vezes durante o ano e não apenas nas épocas festivas”.

A recolha de alimentos prossegue até domingo, dia 2 de Abril, no âmbito da parceria estabelecida entre a Cruz Vermelha Portuguesa e a Missão Sorriso, que visa entregar alimentos não perecíveis (baixo teor de água) às famílias mais necessitadas.