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Ministro do Ambiente desafia cientistas a descobrirem soluções para economia circular

FOTO LUSA
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O ministro do ambiente deixou hoje um desafio aos cientistas para que participem na transição para a economia circular, de baixas emissões, descobrindo novas soluções para a utilização de materiais ou armazenamento de energia.

“O que queremos e o que propomos à ciência, àqueles que descobrem, é mesmo um modelo diferente, um modelo que nos dê o bem-estar que temos hoje quando formos, faltam 25 anos, 10 mil milhões de habitantes na Terra”, afirmou João Matos Fernandes perante os participantes no Encontro Ciência 2018.

A iniciativa decorre em Lisboa até quarta-feira, é organizada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com a colaboração da agência Ciência Viva e junta cerca de cinco mil investigadores, empresas e entidades públicas para debater os problemas do sector e os novos desafios para o futuro.

Portugal fixou o objectivo de ser neutro em carbono em 2050, mas “não existe ainda o conhecimento necessário para concretizar” esse plano, disse o ministro do Ambiente à agência Lusa, à margem do encontro.

“Para termos trajectórias eficazes que permitam que muitos sectores da economia e da sociedade possam reduzir as suas emissões há ainda coisas por descobrir, por inventar ao nível dos processos, dos materiais, das formas de armazenar energia, e foi esse o desafio que vim lançar aos cientistas”, resumiu.

Cumprir os objectivos políticos definidos, como a redução da utilização de matérias primas ou os princípios da economia circular e da economia hipocarbónica, ao mesmo tempo que se garante a criação de emprego e bem-estar, “está muito nas mãos da ciência e da técnica”, acrescentou.

João Matos Fernandes referiu a importância dos próximos passos a serem dados porque de outra forma ou não se consegue cumprir o objectivo ou é atingido, mas “com custos muito elevados para a sociedade”.

“Muito mais do que reparar os modelos antigos, [trata-se] de construir uma nova solução e, a partir dai, provar que a anterior era obsoleta”, disse ainda João Matos Fernandes.

A primeira sessão plenária de hoje do Encontro teve a participação do primeiro-ministro, António Costa, que entregou medalhas de mérito científico a cinco dos sete distinguidos (dois deles não estiveram presentes na cerimónia).

Maria Irene Ramalho, professora catedrática jubilada do departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e António Rendas, que foi reitor da Universidade NOVA de Lisboa, presidiu ao Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e trabalhou em várias comissões da Organização Mundial da Saúde, foram dois dos premiados.

Também receberam a medalha de mérito João Guerreiro, antigo reitor da Universidade do Algarve, presidente da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios de 2017, Maria Cândida Vaz, impulsionadora do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (IST) e António Galopim de Carvalho, professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dirigiu o Museu Nacional de História Natural e impulsionou em Portugal e ao nível da UNESCO o estudo científico dos dinossauros.

Os dois distinguidos que não estiveram presentes foram Helen Rost Martins, co-fundadora do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, onde foi a primeira Investigadora, e Cândido Marciano da Silva, que foi investigador no Laboratório de Física e Engenharia Nucleares da Junta de Energia Nuclear e esteve envolvido na promoção da política científica em Portugal nos anos 80 e 90 e continua a promover a difusão do conhecimento sobre monumentos megalíticos do Alentejo Central e a sua relação com a astronomia.