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Bispo de Leiria-Fátima entre 14 novos cardeais nomeados pelo papa

Foto RICARDO GRAÇA/LUSA
Foto RICARDO GRAÇA/LUSA

O bispo de Leiria-Fátima será nomeado cardeal na quinta-feira, no Vaticano, com outros 13 religiosos, no início do quinto consistório no pontificado de Francisco.

Antonio Marto será o único português numa lista de 14 novos cardeais, tendo este anúncio sido feito pelo papa a 20 de maio depois da homilia do Angelus, na praça de S. Pedro.

“Alegra-me anunciar que vou organizar um consistório para nomear 14 novos cardeais”, disse o papa.

“Os países de proveniência expressam a universalidade da igreja, que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens na Terra”, acrescentou, numa referência ao esforço que tem feito para tornar o Colégio Cardinalício menos dominado por cardeais europeus.

Com a nomeação, António Augusto dos Santos Marto, 71 anos, torna-se no quinto cardeal português nomeado no século XXI e o segundo no atual pontificado, segundo a agência Ecclesia.

Em entrevista à Ecclesia, António Marto afirmou que chegar a cardeal “é o dom do papa Francisco a Fátima”, destacando o santuário como “paradigma e modelo para os outros”.

O bispo de Leiria-Fátima declarou-se “parceiro convicto” de Francisco nas mudanças que procura conseguir na Igreja católica e na Cúria Romana. “Ele tem um parceiro e sabe-o”, afirmou à Ecclesia.

António Marto junta-se no Colégio Cardinalício - que reúne todos os cardeais da Igreja Católica e tem por missão assistir e aconselhar o papa -, aos cardeais portugueses Saraiva Martins, Manuel Monteiro de Castro e Manuel Clemente.

O grupo de 14 novos cardeais inclui ainda o principal conselheiro do papa, o arcebispo polaco Konrad Krajewski, conhecido pela ajuda aos sem-abrigo, e o arcebispo espanhol Luis Francisco Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

O patriarca da igreja do Iraque, Louis Raphael i Sako, e o arcebispo de Carachi, no Paquistão, Joseph Coutts, dois países onde os cristãos são minoritários, vão igualmente ser nomeados cardeais.

O grupo inclui ainda prelados do Peru, México, Bolívia, Madagáscar, Japão, Itália e Espanha.

Portugal está representado no Colégio Cardinalício por três cardeais: Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, ambos eleitores, e José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.

No último consistório, o papa Francisco advertiu os novos cardeais que a nomeação não faz deles “príncipes da igreja” católica, desafiando-os a “olhar a realidade” e a não se deixarem distrair por outros interesses ou por outras perspetivas.

A realidade a que devem estar atentos, segundo o papa Francisco, são os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e do terrorismo, a escravatura, e os campos de refugiados considerando que às vezes lembram mais um inferno do que um purgatório.

Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso da África, Ásia e Oceânia.

Quando foi eleito, o atual papa tinha como colaboradores apenas 22 cardeais eleitores destes três continentes.

No final deste mês, vai haver 15 cardeais eleitores da Ásia, 15 de África, 17 da América Latina, 17 da América do Norte, quatro da Oceânia e 51 da Europa (42% do total).

Neste consistório, dos 14 novos cardeais 11 terão poder para participar num futuro conclave que se reúna para eleger um novo papa.

Na sexta-feira, António Marto participará, juntamente com os outros cardeais, na missa matinal celebrada pelo papa Francisco.

A acompanhar António Marto, estarão em Roma leigos e religiosos da diocese de Leiria-Fátima.

No dia 30, já cardeal, António Marto presidirá a uma missa que se realiza na Igreja de Santo António dos Portugueses, também em Roma.