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Tempo de Confiança

A resistência à mudança, é histórico, é firme e hirta e o seu desfalecimento exige paciência, união, estratégia e acção. Não se aceita a mudança por receio, por comodismo, por interesse individual e “colectivo” instalados e até pelo domínio estabelecido, quantas vezes questionável, conseguido por aqueles que não a desejam. A instalação de uma política de subsídio-dependência é um dos “truques” para que tudo fique na mesma, já que aposta no unanimismo político, resultando este do seguidismo ideológico e da adopção irracional de atitudes colectivas, e nalguns casos, poucos, racional. No entanto, como em tudo na vida, o devir é permanente, e a alternativa acabará por chegar. Embora no campo politíco a resistência à mudança cause enormes estragos e dificuldades, também aqui, a sua concretização é impossível de travar, sendo neste caso de vital importãncia, pois na ausência de alternãncia de poder, a Democracia não só não se realiza, como adoece gravemente. É comum de quem se eterniza no poder, fugir da alternãncia como o diabo foge da cruz, pois com o passar do tempo vão-se instalando interesses, cumplicidades, amizades, simpatias e outras coisas que tais. Para auxílio à mudança, o tempo torna-se um excelente aliado, dado que por fraquejamento, vai-se afigurando complicado àqueles que estão “alapados” ao poder, o contínuo contorcionismo politíco-partidário, seja por ausência de ambição e ideias, seja por os enfileirados mais jovens ansiarem por lugares cimeiros. A consolidação da mudança, isto é, a sua concretização em confiança, é um processo que resulta de um trabalho sério e empenhado, pese embora as enormes dificuldades que normalmente se encontram quando se assume a gestão de organismos que durante anos a fio foram “geridos” pelo status quo. A exigência por parte dos que acreditam na mudança, em relação aos que a protagonizam, é desde logo maior, e por vezes até imediata na consumação da nova abordagem. A verdade é que com o desfiar dos dias, demonstra-se que é possivel fazer politíca para as pessoas, sem olhar a quem, que é possivel tornar a politíca mais participativa por parte dos cidadãos, que é possível dar voz à oposição, que é possivel “fazer coisas” sem endividamento, e que é até possível reduzir passivos financeiros que pela sua dimensão, potenciam o estrangulamento da acção. Para que a mudança ocorra, é necessário dialogar, ouvir, unir, avaliar, planear e congregar os esforços indispensáveis para a sua realização. Depois da sementeira mudança, é hora de colher os merecidos rebentos de confiança e continuar a adubar a seara.