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Teoria do sistema solar caótico comprovada em sedimentos rochosos

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Investigadores das universidades norte-americanas Wisconsin-Madison e Northwestern dizem ter encontrado provas da teoria do sistema solar caótico em sedimentos rochosos no Colorado, nos Estados Unidos, de há cerca de 90 milhões de anos.

A teoria do sistema solar caótico foi apresentada em 1989 pelo astrónomo francês Jacques Laskar, depois de cálculos matemáticos terem apontado que a órbita de Plutão, despromovido a planeta-anão, é ‘caótica’.

Segundo a teoria, a instabilidade (variações das órbitas dos planetas) no Sistema Solar deve-se a Mercúrio, Vénus, Terra e Marte, planetas mais próximos do Sol.

A tese que tem prevalecido, desde o século XVIII, é que os planetas orbitam o Sol como um mecanismo de relógio, tendo trajetórias quase periódicas e muito previsíveis.

Para os cientistas, a descoberta agora anunciada, e cujos resultados são publicados na quinta-feira na revista Nature, permite compreender melhor a mecânica do Sistema Solar e a ligação entre as variações nas órbitas dos planetas e as alterações climáticas ao longo das épocas geológicas.

A equipa descobriu, em sedimentos rochosos da formação geológica de Niobrara, no Colorado, a assinatura, com 87 milhões de anos, de uma ‘ressonância de transição’ entre Marte e Terra.

O fenómeno ocorre quando dois planetas se ‘puxam’ um ao outro sempre que um deles, na sua passagem em torno do Sol, fica relativamente próximo do outro, na sua órbita.

Estas pequenas, mas regulares, variações na órbita de um planeta podem provocar grandes mudanças na localização e orientação do planeta relativamente ao Sol e, consequentemente, alterar a quantidade de radiação solar que o planeta recebe numa determinada área, influenciando o clima, defendem os cientistas.

“Outros estudos sugeriram a presença do caos baseado em dados geológicos. Mas esta é a primeira prova inequívoca, tornada possível pela alta qualidade da datação radioisotópica e pelos sinais preservados nas rochas”, sustentou um dos investigadores e professor de geociências, Stephen Meyers, citado num comunicado da Universidade de Wisconsin-Madison.

A ‘ressonância de transição’ entre Marte e Terra foi confirmada, de acordo com o grupo de investigação, pelo método de datação radioisotópica, que permite datar as formações rochosas com uma margem de erro muito pequena, à escala do tempo geológico.

Para Stephen Meyers, “o impacto dos ciclos astronómicos no clima pode ser bastante grande”, uma vez que, assinalou, as idades do gelo na Terra têm sido associadas a mudanças periódicas na forma da órbita do planeta e à inclinação do seu eixo.