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México desmantela rede que exportava alimentos de baixa qualidade para a Venezuela

FOTO Reuters
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As autoridades mexicanas desmantelaram uma rede de empresas que exportavam alimentos de baixa qualidade e com valor infeccionado ao Governo da Venezuela e que depois este revendi à população venezuelana ainda com um custo superior.

O desmantelamento da rede foi anunciado pela Procuradoria-Geral do México e em causa estão as caixas ‘CLAP’, de alimentos importados pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro e, alegadamente, vendidos a preços subsidiados em bairros populares da Venezuela.

Segundo o procurador Alonso Israel Lira Salas, a rede desmantelada usava “adquiria produtos de baixa qualidade para exportá-los para a Venezuela, com sobre-preço, através das caixas ‘CLAP’ [com alimentos subsidiados], e revendia-os à população venezuelana a um valor 112% superior ao custo real”.

“Segundo as investigações, este grupo de empresas e pessoas [mexicanas e estrangeiras] obtiveram recursos, desviando-os dos fins humanitários para, em troca, adquirir alimentos e especular comercialmente com eles, aproveitando-se da escassez alimentar que afecta a Venezuela”, disse o procurador numa conferência de imprensa em Cidade de México.

Entretanto, através da rede social Twitter, Procuradoria-Geral do México explica que foram localizados 1.300 contentores com produtos alimentares, que seriam enviados à Venezuela, tendo sido igualmente detectados operadores aparentemente “relacionados com as autoridades do Governo daquele país [Venezuelana]”, que recorrem “a diversos países para contactar com outras empresas e obter os alimentos”.

“Os acusados farão entrega ao ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados] de três milhões de dólares [norte-americanos] e comprometem-se a não efectuar nenhum ato comercial com o Governo da Venezuela ou terceiros, que operem no envio e comercialização de dispensas, alimentos ou medicamentos, com motivo do programa CLAP”, explica.

Segundo a procuradoria, os resultados da investigação vão ser partilhados “com as autoridades competentes a nível internacional, com o propósito de continuar na luta contra o branqueamento de dinheiro” no âmbito dos compromissos assumidos pelo Grupo de Lima, para evitar actos ilícitos em prejuízo do povo venezuelano.

O programa CLAP foi criado em abril de 2016 pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro, para combater uma alegada guerra económica no país e assegurar a distribuição direta de alimentos, a preços subsidiados, aos venezuelanos.

Em várias ocasiões, a imprensa venezuelana denunciou que as caixas ‘CLAP’ eram distribuídas apenas a militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), através dos conselhos comunais e que havia queixas sobre a qualidade dos produtos que continham.

Fontes não oficiais dão conta de que cada caixa ‘CLAP’ contém 12 quilogramas de alimentos, geralmente arroz, massa, feijão, leite me pó, enlatados e, por vezes, óleo vegetal.