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Iraque fecha fronteiras e estreia votação electrónica nas eleições de sábado

FOTO Reuters
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O Iraque vai fechar fronteiras e estrear a votação electrónica nas eleições legislativas de sábado, as quartas após a invasão de 2003 liderada pelos Estados Unidos e as primeiras após a anunciada vitória sobre o Estado Islâmico.

Para evitar qualquer incidente, as autoridades iraquianas decidiram encerrar as fronteiras e o espaço aéreo no próprio dia das eleições, nas quais existem cerca de 7 mil candidatos (2 mil são mulheres) para ocupar 329 assentos no parlamento, para um mandato de quatro anos.

O novo sistema de votação prevê a distribuição de 60 mil aparelhos por todo o país, de forma a enviar os dados via satélite, informou a comissão eleitoral iraquiana, convicta de que desta forma se irá limitar a fraude e permitir o anúncio dos resultados poucas horas após o fecho das urnas.

Dos cerca de 35 milhões de habitantes, perto de 24,5 milhões são eleitores, distribuídos por 18 províncias, sendo que os iraquianos no exterior poderão votar em 19 países, numas eleições às quais concorrem 87 partidos.

Pela primeira vez, os partidos xiitas, que dominaram a vida política iraquiana nos últimos 15 anos, não se apresentam ao eleitorado com uma lista única, devido a divisões internas.

O mesmo acontece com curdos e sunitas, que chegaram a pedir o adiamento das eleições, alegando que mais de dois milhões de iraquianos continuam a viver em acampamentos, deslocados por causa da guerra com o Estado Islâmico e impossibilitados de votar nos seus territórios de origem.

O actual presidente, Haider al-Abadi, e os antigos primeiro-ministro e ministro Nuri al-Maliki e Hadi al-Amiri, respectivamente, são os candidatos que lideram as mais fortes alianças, ainda que nenhuma pareça ser capaz de garantir uma maioria absoluta, uma situação que pode resultar no cenário de 2010, quando foram necessários oito meses para se formar um novo Governo.

Al-Abadi, que assumiu o cargo logo após o Estado Islâmico ter sido derrotado nas zonas norte e oeste do Iraque, é visto pelos analistas como um tecnocrata que mantém boas relações com os Estados Unidos e o Irão.

Al-Maliki, que governou o Iraque durante oito anos, continua a ser uma figura de destaque, apesar de ter ficado ligado a uma série de fracassos no conflito com o Estado Islâmico.

Pelo contrário, al-Amiri surge como a figura que comandou as forças paramilitares contra esse mesmo grupo terrorista, com sucesso.

Ambos têm ligações próximas a Teerão.

As deficientes infra-estruturas e funcionamento do serviço público, a descida do preço do petróleo - que mexeu ainda mais com a economia do país -, bem como o cenário de destruição completa de cidades após anos de conflito com o Estado Islâmico, sobretudo nas regiões de maioria sunita, são apenas alguns dos desafios com os quais se confronta o regime iraquiano.