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Livro com ensaios e inéditos de Almada Negreiros é um dos destaques da Documenta

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A publicação do livro “José de Almada Negreiros: Uma maneira de ser moderno”, editado em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian a propósito da exposição dedicada ao artista, é uma das principais novidades da editora Documenta para fevereiro.

Trata-se de um livro que é simultaneamente um catálogo da exposição, com 424 páginas, e inclui nove ensaios de investigadores de diferentes áreas, que trazem novas leituras sobre a obra do artista e o enquadram no debate alargado sobre modernidade e modernismos.

Os textos são da autoria das curadoras Ana Vasconcelos, Mariana Pinto dos Santos e Marta Soares, do designer Carlos Bartolo, dos investigadores Fernando Cabral Martins e Gustavo Rubim, do historiador Luis Trindade, da historiadora de arte Sara Afonso Ferreira e do artista plástico Tiago Baptista.

Este livro traz também novas perspetivas sobre a produção plástica de Almada Negreiros, com a reprodução de obras inéditas e outras já conhecidas, tanto as expostas como algumas que não estarão em exposição, acompanhadas pontualmente de entradas de catálogo.

Uma extensa cronologia, da autoria do artista plástico e poeta Luis Manuel Gaspar, que é acompanhada por imagens dá ainda um panorama do percurso artístico de Almada Negreiros.

“José de Almada Negreiros: Uma maneira de ser moderno” pode resumir-se numa frase proferida pelo próprio artista em 1927, durante a conferência “O Desenho”, realizada na cidade de Madrid, a propósito da sua exposição individual promovida por La Gaceta Literaria: “Isto de ser moderno é como ser elegante: não é uma maneira de vestir mas sim uma maneira de ser. Ser moderno não é fazer a caligrafia moderna, é ser o legítimo descobridor da novidade”, terá afirmado o autor.

Para Mariana Pinto dos Santos, a propósito desta frase, “podendo o moderno ser visto como a adesão a um figurino, a uma moda, Almada afirma-o antes um modo de ser, que implica não só a receção do tempo presente, mas a ação sobre ele, não a adesão ao moderno, mas fazer acontecê-lo”.

Segundo a curadora, este modernismo entendido enquanto ação constituinte da modernidade está estritamente ligado à ideia de vanguarda.

A Documenta anuncia também a publicação do livro de Fernando Cabral Martins, intitulado “Mário Cesariny e o Virgem Negra ou a Morte do Autor e o Nascimento do Ator”, lançado por ocasião dos “X Encontros Mário Cesariny”, realizados na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, de 24 a 26 de Novembro de 2016.

Este livro fala sobre as ligações que existem entre a obra de Mário Cesariny -- “uma arte da montagem” - e a dos modernistas do Orpheu, entre eles Fernando Pessoa - “uma arte do desdobramento”.

“Um e outro estão entre os poucos realmente grandes poetas do século XX, e é intrigante que o mais novo deles tenha dirigido ao primeiro uma diatribe tão violenta como O Virgem Negra. A hipótese aqui desenvolvida, em duas séries de comentários, é que não é Pessoa que é atacado (nem as suas obras maiores), mas o mito que dele se criou, e, sobretudo, certos persistentes lugares-comuns da sua leitura”, segundo a sinopse do livro.

O terceiro destaque editorial da Documenta vai para um ensaio da autoria de Pedro Lapa, diretor artístico do Museu Coleção Berardo, que consiste num estudo compreensivo sobre a obra de Joaquim Rodrigo, que pretende demonstrar como o artista realizou “um projeto modernista atualizado e quase sempre vago em Portugal”.

Intitulado “Joaquim Rodrigo -- A contínua reinvenção da pintura”, o estudo centra-se num artista que reinventou a própria pintura, dando-lhe continuidade com a sua obra, refere a sinopse, destacando que o seu percurso se tornou “singular no quadro da história da arte ocidental do século XX”.