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Exposição em Londres quer contar história de movimento ‘acid house’ em Portugal

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Uma exposição sobre a música ‘Acid House’ nos anos 1990 em Portugal, a realizar em Londres no próximo ano, quer criar um arquivo para o estudo da época no país, afirmou um dos responsáveis, Rui da Silva.

O DJ português, radicado na capital britânica, considera que aquele período foi protagonizado pela primeira geração que nasceu depois do 25 de Abril e que rompeu com o isolamento que marcou o país em quase 50 anos de ditadura salazarista.

“Encontrámos na música eletrónica uma voz e uma forma de libertação cultural”, disse à agência Lusa.

O músico e produtor musical está agora a lançar um apelo a quem viveu aquela época para disponibilizar documentos e materiais representativos, sejam fotografias, vídeos, áudio, panfletos, ingressos para eventos, ‘fanzines’, capas de discos ou máquinas como caixas de ritmos e sintetizadores analógicos.

Uma das imagens que pretende ter na exposição, a realizar no espaço Red Gallery, é a de uma festa no Castelo de Santa Maria da Feira, em 1993, que teve a presença do DJ norte-americano Danny Tenaglia.

“Vê-se o castelo de fora, com as cores das luzes e as pessoas a dançar. Foi um dos momentos pivô da cena da música eletrónica em Portugal”, garante.

Rui da Silva era então um dos elementos do projeto Underground Sound of Lisbon, formado com DJ Vibe, cujo título do sucesso “So Get Up!” lançado em 1994, é também o nome da exposição, prevista para abril do próximo ano.

O responsável formou uma equipa com o jornalista João Xavier e criou um ‘site’ (disponível em www.sogetup.com) para recolher material de pessoas que tenham vivido aquela época e queiram partilhar as suas memórias.

Rui da Silva já identificou algumas pessoas com coleções extensas, mas quer chegar aos muitos anónimos que faziam parte da “movida” portuguesa dos anos 1990.

Por exemplo, lembra-se de “um tipo” que tirava fotografias nas festas, revelava e depois vendia às pessoas retratadas no evento seguinte, algo só possível numa era anterior aos telemóveis com máquinas fotográficas.

“Havia uma ‘movida’ de pessoas: uns punham música, outros organizavam festas e ele tirava fotografias”, recordou, referindo que não conhece o seu paradeiro.

Para além da exposição na Red Gallery, em abril em Londres, vai haver um programa de eventos música e DJ ao vivo.

Um dos objetivos desta iniciativa é também criar um acervo para ser depositado em Berlim, num arquivo para uso de investigadores interessados neste período e nesta cultura.

“Queremos criar uma memória e arquivo para estudo de uma época que não está documentada em lado nenhum”, afirmou.