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A Guerra Mundo

Trump insatisfeito com intrusão de 'drones' na Polónia e admite "erro" da Rússia

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Foto EPA

O Presidente norte-americano, Donald Trump, manifestou hoje insatisfação com a intrusão de 'drones' russos na Polónia, um aliado da NATO, admitindo poder ter resultado de "um erro" da Rússia.

"Pode ter sido um erro", disse Trump aos jornalistas quando questionado sobre a intrusão de 'drones' na Polónia na noite de terça-feira, que Varsóvia e os aliados europeus consideraram deliberada e até uma provocação do regime de Vladimir Putin.

"Mas, independentemente disso, não estou satisfeito com nada nesta situação", adiantou o Presidente norte-americano, que tem procurado assumir o papel de mediador numa solução negociada para o conflito na Ucrânia. 

Também hoje em Washington, o grupo bipartidário do Congresso pela Ucrânia emitiu uma declaração condenando a "violação" pela Rússia do espaço aéreo da Polónia e apelando a novas sanções contra Moscovo, maior apoio à Ucrânia e coordenação mais forte dentro da NATO. 

O texto da declaração foi publicado na página oficial da copresidente do grupo, a congressista Marcy Kaptur, e assinado pelos restantes líderes - Brian Fitzpatrick, Mike Quigley e Joe Wilson. 

"Condenamos inequivocamente a violação imprudente e ilegal do espaço aéreo polaco por parte da Rússia e os seus contínuos ataques brutais e ilegais contra a Ucrânia", lê-se na declaração assinada pelos quatro copresidentes do grupo. 

Os legisladores sublinharam que a incursão em larga escala de 'drones' russos na Polónia, a 10 de setembro, representa "uma escalada sem precedentes que ameaça diretamente a segurança da Polónia e a estabilidade de toda a aliança da NATO". 

Recordaram também o maior ataque aéreo da Rússia à Ucrânia, no dia 07 de setembro, quando mais de 800 'drones' e mísseis atingiram cidades ucranianas, matando e ferindo civis e danificando o edifício do Conselho de Ministros da Ucrânia. 

"Estes ataques coordenados marcam um novo capítulo perigoso no conflito e exigem uma resposta unificada e decisiva", sublinharam os copresidentes. 

"A incursão da Rússia no espaço aéreo polaco não é apenas uma escalada imprudente --- é um desafio direto ao compromisso da NATO com o artigo 5.º, a base da nossa defesa coletiva. Se não forem respondidas, estas provocações correm o risco de normalizar os ataques ao território da NATO e encorajar novas agressões contra os nossos aliados", acrescentaram.

Os legisladores apelaram a sanções mais fortes e direcionadas para enfraquecer o regime de Putin, bem como o aumento do fornecimento de sistemas de defesa aérea, ajuda militar e assistência humanitária à Ucrânia.

Apelaram ainda a uma coordenação reforçada da NATO para reforçar a segurança dos países da Europa de Leste e evitar novas violações do espaço aéreo. 

"A agressão imprudente da Rússia é um teste à determinação do mundo livre, e não falharemos. A unidade da NATO é a nossa força, a democracia é a nossa causa e a liberdade prevalecerá", sublinharam os legisladores norte-americanos. 

O Conselho de Segurança da ONU marcou hoje para sexta-feira uma reunião de urgência, a pedido da Polónia, anunciou a presidência sul-coreana do órgão. 

A reunião conta com o apoio de vários membros do Conselho, como Eslovénia, Dinamarca, Grécia, França e Reino Unido, indicaram fontes diplomáticas à agência de notícias France-Presse (AFP). 

A Polónia pretende "chamar a atenção do mundo para este ataque sem precedentes de 'drones' russos contra um país que não só é membro da ONU, como da União Europeia e da NATO", referiu o chefe da diplomacia polaco, Radoslaw Sikorski, à rádio RMF-FM. 

Sikorski adiantou que a intrusão "não é apenas um teste para a Polónia, é um teste para toda a NATO, não só militar, mas também político". 

Na quarta-feira, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, reportou 19 violações do espaço aéreo durante a madrugada. A incursão dos drones não provocou feridos, mas uma casa e um carro ficaram danificados no leste do país. 

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente. 

A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.