Artigos

Estado da Saúde na RAM

Vários têm sido os momentos em que o senhor presidente do Governo Regional da Madeira, Dr. Miguel Albuquerque e o senhor Secretário Regional da Saúde, Dr. Pedro Ramos, dizem na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) que os madeirenses e portosantenses não se podem queixar do Serviço Regional de Saúde, porque este é um serviço de excelência! Até consideraram que as queixas e reclamações vindas a público são excessos da comunicação social. No entanto, a verdade é que os madeirenses e portosantenses quanto precisam de recorrer a este serviço deparam-se, na maior parte das vezes, com uma realidade muito diferente daquela que os nossos governantes apregoam.

Todos os anos este setor é contemplado com mais verbas do Orçamento Regional. No entanto, também todos os anos ficamos a saber que o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), paga de dívida milhões e milhões à empresa ou entidade X, deve milhões à empresa Y, ou seja, afinal parece que os aumentos são para pagar as dívidas do SESARAM e não para melhorar os serviços?! Por exemplo, neste final de 2019 ficamos a saber que o SESARAM tem uma dívida de 2,9 milhões às empresas de dispositivos médicos – será que isto explica muitas das “avarias” nos equipamentos obsoletos do serviço regional de saúde? Soubemos que a empresa “Quadrantes” reclama 5 milhões de euros por serviços prestados e não pagos desde 2009 e que o SESARAM pagou 400 milhões de euros de dívidas em 2018. Por este andar da carruagem, está visto que dívidas não faltarão para todos nós, contribuintes, pagarmos!

A verdade é que todos nós temos experiências – pessoais, de familiares ou conhecidos - que numa determinada ida ao médico de família e quando este diz que seria importante fazer um determinado exame ou ir a uma consulta de especialidade, logo acrescenta que será mais rápido se formos ao privado, porque no hospital deverá demorar meses ou anos para obtermos essa consulta ou exame... Temos experiências pessoais ou conhecimento de situações em que os familiares de pessoas internadas, são informados que existe falta de medicamentos no hospital e por isso deverão comprar determinados medicamentos porque o hospital não tem... Para além de tudo isto, uma referência às poucas condições de trabalho em que alguns dos profissionais de saúde desempenham, heroicamente, as suas funções! Há falta de pessoal auxiliar! Serviço de urgência do Hospital Central do Funchal, sobrelotado, com pessoas em macas no corredor à espera de vaga para internamento! Défice de meios humanos e técnicos nas próprias urgências. Mas todos os anos o Governo Regional anuncia o reforço das verbas para a Saúde!!!

Certo é, que realidade com que nos deparamos no Serviço Regional de Saúde, principalmente ao nível hospitalar, prova que as estratégias adotadas pelo Governo Regional para resolver os problemas não têm resultado e que a solução não está em empurrar constantemente as culpas para o Governo Central, para a República, porque essa é uma “estratégia infantil”: atribuir as culpas aos outros quando não se consegue resolver os problemas para os quais somos incumbidos para o fazer. É preciso priorizar o setor da saúde e fazer mais e melhor!

Votos de um Bom Natal e um Próspero Ano de 2020.