UE ameaça Venezuela com sanções por “contínuas intimidações” à oposição
O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa condenou hoje a “eleição ilegítima” de Luís Parra como presidente do parlamento venezuelano e ameaçou com sanções ao país pelas “contínuas intimidações” feitas à oposição.
“A UE considera que a votação que levou à ‘eleição’ de Luis Parra não é legítima pois não respeitou os procedimentos legais, nem os princípios constitucionais democráticos. A UE expressa o seu total apoio a Juan Guaidó como presidente da Assembleia Nacional e rejeita fortemente as violações do funcionamento democrático, constitucional e transparente da Assembleia Nacional, bem como as contínuas intimidações, violência e decisões arbitrárias contra os seus membros”, afirma Josep Borrell em comunicado.
Condenando estas “decisões graves que comprometem a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos”, o chefe da diplomacia europeia vinca que “a UE está pronta para começar a trabalhar no sentido de aplicar medidas direcionadas contra indivíduos envolvidos na violação desses princípios e direitos”.
Porém, o responsável ressalva que “essas medidas não vão prejudicar o povo venezuelano, que já é dramaticamente afetado pela crise”.
“A UE manterá a sua assistência à população e está a equacionar ações adicionais para aliviar a crise humanitária na Venezuela”, adianta Josep Borrell.
Para o chefe da diplomacia europeia, “os membros da Assembleia Nacional devem poder exercer o seu mandato parlamentar, recebido pelo povo venezuelano, livre de qualquer intimidação ou represália”, razão pela qual insta a que “todos os atores políticos se empenhem fortemente numa solução pacífica e democrática para esta crise e na reposição dos poderes públicos”.
O parlamento venezuelano tinha prevista a eleição no domingo da sua nova direção, votação da qual deveria resultar a reeleição de Guaidó, principal opositor de Maduro, mas o deputado foi retido durante horas pela polícia e agredido à porta da Assembleia Nacional.
Ao mesmo tempo, no interior, em plenário, os deputados apoiantes do chefe de Estado venezuelano elegiam Luís Parra, que contou também com o apoio de uma minoria de parlamentares da oposição suspeitos de corrupção.
Nesse mesmo dia, e após ter sido impedido pelas forças de segurança de entrar no edifício da Assembleia Nacional, Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino venezuelano em janeiro de 2019 e que foi reconhecido por mais de 50 países, foi reeleito presidente do parlamento nas instalações do jornal El Nacional.
A Venezuela, país que conta com cerca de 32 milhões de habitantes e com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social.