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Tribunal do Zimbabué declarou “ilegal” greve de médicos e ordenou regresso ao trabalho

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O tribunal do Zimbabué declarou hoje “ilegal” a greve dos médicos do setor público que está a afetar os serviços nos hospitais há mais cinco semanas e ordenou que os profissionais voltassem ao trabalho “dentro de 48 horas”.

“O movimento social lançado a 03 de setembro (...) é declarado ilegal”, afirmou o Tribunal do Trabalho de Harare, capital do Zimbabué.

Assim, os profissionais em greve “terão de retomar o trabalho dentro de 48 horas”, acrescentou.

O Tribunal alertou ainda que o Governo tem “poderes para tomar medidas disciplinares” contra os grevistas que se recusarem a submeter-se aquela ordem.

No entanto, entre o início do protesto, a 03 de setembro, e a decisão de hoje do tribunal não pode ser aplicada nenhuma ação disciplinar contra os grevistas, segundo a decisão judicial.

Os médicos do setor público estão em greve para exigir melhores condições salariais.

O Zimbábue está mergulhado numa terrível crise económica, desde há quase 20 anos, caracterizada por escassez de bens, desvalorização da moeda local e hiperinflação - taxa anual de mais de 300% em agosto, segundo o Banco Mundial.

Devido à desvalorização do dólar do Zimbábue, os médicos ganham apenas o equivalente a 115 euros por mês.

No fim de semana passado, o Governo do Presidente Emmerson Mnangagwa apresentou uma proposta para um aumento salarial de 60%, mas ameaçou os médicos com demissões se não regressassem ao trabalho na segunda-feira.

Mas o sindicato dos médicos do hospital (ZHDA), na origem do movimento, rejeitou categoricamente a oferta.

Os médicos em greve dizem que estão “incapazes” de trabalhar, devido aos preços dos transportes e dos combustíveis.

Os preços do combustíveis em bomba no Zimbabué subiram mais de 400% desde o início do ano.