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Rio de Janeiro registou 194 mortes em intervenções policiais em Julho

Foto Reuters
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O Estado brasileiro do Rio de Janeiro registou em julho 198 vítimas mortais mortes decorrentes de intervenções policiais, o número mais elevado desde 1998 para este mês, foi hoje anunciado.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de mortes representa um aumento de 49% em relação a julho de 2018 e de 29% em relação a junho de 2019.

Os dados revelam uma média diária de seis pessoas mortas “por intervenção de agente do Estado”, nome técnico dado aos óbitos levados a cabo por polícias.

Até ao mês passado, o maior registo mensal de mortes pertencia a agosto de 2018, quando se contabilizaram 176.

Analisando os últimos três meses - maio, junho e julho - houve um aumento de 20% do número de mortes às mãos de agentes do Estado em relação com o mesmo período do ano passado.

O número registado em maio deste ano aproxima-se ao de julho, com 171 pessoas mortas.

Em entrevista ao noticiário Bom Dia Rio, da TV Globo, o secretário da Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius Braga, declarou que a tendência é que o número de pessoas mortas por polícias suba até ao final do ano.

“A tendência é de subida até dezembro, porque as ações estão a ser feitas. Conforme formos trabalhando as investigações, a inteligência, a integração com a Polícia Militar, a tendência é diminuir. É um número alto, não é o número que desejamos”, reconheceu Marcus Braga.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, alinhado com a política de segurança do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, adotou uma forte retórica de combate ao crime, baseada no uso da violência.

Após a entrada de Witzel no poder estadual, o número de pessoas mortas pela polícia aumentou significativamente em comparação com anos anteriores.

Nos primeiros cinco meses do seu mandato, 731 pessoas morreram em operações policiais, um aumento de 19,1% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com os últimos dados oficiais.

Na semana passada, uma jovem de 17 anos morreu quando passava pelo local onde decorriam confrontos entre a polícia e suspeitos de pertencerem a um grupo criminoso, numa comunidade no Rio de Janeiro, tendo sido atingida por 10 balas, enquanto carregava o seu filho de um ano e nove meses, também atingido por tiros.

O caso da jovem mãe junta-se aos de Dyogo Costa, de 16 anos, morto pela polícia quando estava a caminho de um treino de futebol, de Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, baleado enquanto esperava o autocarro para ir para a escola, e Henrico de Menezes Júnior, de 19 anos, que foi baleado enquanto se dirigia para uma oficina para consertar a sua moto. Todas estas mortes ocorreram nas duas últimas semanas.

A morte dos quatro jovens por intervenção policial causou comoção e vários protestos em diferentes comunidades do Rio de Janeiro.