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Procura de petróleo foi “duramente atingida” pelo coronavírus

Foto EPA
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A Agência Internacional da Energia (AIE) assegurou hoje que a procura global de petróleo foi “duramente atingida” pela propagação do coronavírus e adiantou que a mesma se contrairá pela primeira vez em mais de uma década no primeiro trimestre.

No relatório mensal, a AIE calcula que a procura de petróleo vai cair no primeiro trimestre em 435 mil barris por dia face ao mesmo período do ano passado e estimou que o crescimento em 2020 será de apenas 825 mil barris por dia (menos 365 mil que o previsto), o menor aumento desde 2011.

O organismo dependente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reconhece que ainda é difícil precisar qual será o impacto do covid-19 sobre o mercado do petróleo, ainda que as estimativas pressuponham um progressivo regresso à normalidade no segundo trimestre.

Desde o início da epidemia registou-se “uma significativa desaceleração do consumo de petróleo e da economia chinesa”, segundo a AIE, levando a organização a prever que as repercussões do coronavírus sobre a procura serão “significativas”.

“As consequências vão variar segundo o passar do tempo, com um impacto inicial nos transportes e nos serviços, provavelmente seguido pela indústria chinesa e finalmente pelas exportações e a economia no seu conjunto”, defende a AIE.

Depois da contracção da procura prevista para o primeiro trimestre, a primeira desde a segunda metade de 2009, em plena crise financeira global, espera-se uma normalização no terceiro trimestre do ano, “provavelmente beneficiada pelas medidas de estímulo económico da China”.

A AIE parte de um cenário baseado no surto do SARS em 2003, em que a epidemia possa ser controlada antes do verão no hemisfério norte, se bem que alerte que “há poucas dúvidas de que o vírus terá um impacto maior sobre a economia e o petróleo que o SARS”, devido ao maior impacto global de uma desaceleração na China.

A AIE também sublinha as consequências do covid-19 sobre o transporte aéreo, especialmente na China, cujo tráfego de voos internacionais recuou 70% e de voos nacionais 50% nas primeiras fases da emergência sanitária, com os consequentes efeitos no consumo de petróleo.

As previsões negativas da AIE juntam-se ao relatório da OPEP divulgado na quarta-feira que prevê que o consumo de petróleo em 2020 seja 19% inferior ao calculado até agora.