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População queixa-se que várias zonas de Caracas estão há 20 dias sem água

FOTO AFP
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Várias zonas da capital venezuelana, Caracas, estão há 20 dias sem água, situação que revolta a população e motivou vários protestos, esta sexta-feira, designadamente em La Candelária (centro), onde as forças de segurança reprimiram os manifestantes.

“Vivemos uma verdadeira tragédia. Este problema agravou-se nos últimos 20 dias, mas dura há mais de um ano, desde a Semana Santa do ano passado e com as falhas elétricas a situação complicou-se”, explicou uma manifestante aos jornalistas.

Nancy del Moro, reformada, 70 anos, explicou que já não aguenta a situação e que vive “carregando um balde (para água) e gasta a pensão para comprar água (em garrafões)”.

“Às vezes a minha família tem de me ajudar para que possa comprar água, porque a pensão já não chega, nem para comprar a água para cozinhar (os alimentos). Isto é desumano, sinceramente não podemos continuar assim”, frisou.

Um vídeo divulgado pelas redes sociais dá conta do momento em que funcionários da Polícia Nacional Bolivariana carregaram contra os manifestantes em La Candelária e tentaram, alegadamente, retirar o telemóvel de um homem que protestava.

Além do centro de Caracas, há queixas de falta de água em La Campiña (centro-leste), onde a população se socorre de uma torneira do estacionamento da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) para se abastecer e os funcionários queixam-se de que precisam de água para que os escritórios possam funcionar.

“Aqui falta a água, falta a luz, o telefone, a Internet, o transporte de passageiros está cada dia mais difícil porque faltam peças para reparar os autocarros, às vezes o Metropolitano não presta serviço e os políticos continuam a insistir que tudo está bem”, explicou um comerciante à agência Lusa.

Valdemaro Santaella queixa-se de que os constantes apagões no país teriam danificado alguns sistemas de bombeamento, no Estado de Miranda (vizinho de Caracas), que abastecem a capital e prevê que a situação poderá prolongar-se.

Por outro lado, questiona-se sobre se em Caracas a situação é complicada, como será no interior do país.

“Em Caracas estamos numa bolha de cristal, em que serviços como a luz e a água, estão protegidos. Tenho familiares em Upata (leste da capital) que me dizem que a situação é muito mais complicada e o mesmo acontece com outras zonas do país”, acrescentou.

Entretanto, a companhia estatal Hidrocapital está a anunciar, através da rede social Twitter, quais as zonas do país onde está a funcionar o abastecimento de água.

Por outro lado, a também estatal Hidroven iniciou a distribuição de tanques de plástico para o abastecimento de água, com base num programa estatal.

Através das redes sociais estão a ser divulgadas imagens de trabalhos de substituição de canalizações, limpeza de tanques, reparação de máquinas, estações de bombeamento e outros, em várias regiões do país.