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Nobel da Paz atribuído ao primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed

FOTO Reuters
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O prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, promotor de um acordo de paz com a Eritreia, informou o Comité Nobel norueguês.

De acordo com o comunicado divulgado pelo júri, o prémio foi atribuído ao primeiro-ministro da Etiópia por seu importante trabalho para promover a reconciliação, a solidariedade e a justiça social, “para alcançar a paz e cooperação internacional, em particular por sua iniciativa decisiva para resolver o conflito com a vizinha Eritreia”.

“O prémio também visa reconhecer todas as partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões leste e nordeste da África”, sublinha a nota.

“Abiy Ahmed Ali iniciou importantes reformas que proporcionam a muitos cidadãos a esperança de uma vida melhor e de um futuro melhor”, acrescenta o comunicado.

O Comité Norueguês do Nobel acredita que é agora que os esforços de Abiy Ahmed merecem reconhecimento e precisam de incentivo, disse a presidente do comité, Berit Reiss-Andersen.

“Quando Abiy Ahmed se tornou primeiro-ministro, em abril de 2018, deixou claro que desejava retomar as negociações de paz com a Eritreia. Em colaboração com Isaias Afwerki, Presidente da Eritreia, Abiy Ahmed rapidamente elaborou os princípios de um acordo de paz para encerrar o impasse a longo prazo ‘sem paz, sem guerra’ entre os dois países”, indica a nota.

Segundo o documento, esses princípios estão estabelecidos nas declarações que o primeiro-ministro Abiy e o Presidente Afwerki assinaram em Asmara e Jeddah, em Julho e Setembro.

“Uma premissa importante para o avanço foi a disponibilidade incondicional de Abiy Ahmed para aceitar a decisão da arbitragem de uma comissão internacional de fronteiras em 2002”, sublinha o comunicado.

Segundo a nota, “a paz não surge apenas das ações de uma parte. Quando o primeiro-ministro Abiy estendeu a mão, o Presidente Afwerki compreendeu e ajudou a formalizar o processo de paz entre os dois países. O Comité Nobel norueguês espera uma mudança positiva para o povo da Etiópia e da Eritreia”.

“Na Etiópia, mesmo que ainda haja muito trabalho por fazer, Abiy Ahmed iniciou importantes reformas que dão a muitos cidadãos esperança de uma vida melhor e de um futuro melhor”, indica o comunicado.

De acordo com a nota, Abiy “passou seus primeiros 100 dias como primeiro-ministro a levantar o estado de emergência do país, a conceder amnistia a milhares de presos políticos, a interromper a censura dos media, a legalizar grupos de oposição proibidos, a demitir líderes militares e civis suspeitos de corrupção e a aumentar significativamente a influência das mulheres na vida política e comunitária da Etiópia”.

O primeiro-ministro etíope também prometeu fortalecer a democracia, realizando eleições livres e justas.

Após o processo de paz com a Eritreia, segundo a nota, “o primeiro-ministro Abiy envolveu-se em outros processos de paz e reconciliação no leste e nordeste da África”.

O Comité Nobel norueguês espera que o Prémio Nobel da Paz fortaleça o primeiro-ministro Abiy no seu importante trabalho de paz e reconciliação.

A Etiópia é o segundo país mais populoso da África e tem a maior economia da África Oriental.

“Uma Etiópia pacífica, estável e bem-sucedida terá muitos efeitos colaterais positivos e ajudará a fortalecer a fraternidade entre nações e povos da região. Com as disposições da vontade de Alfred Nobel em mente, o Comité Nobel da Noruega vê Abiy Ahmed como a pessoa que no ano anterior fez o máximo para merecer o Prémio Nobel da Paz em 2019”, sublinha o comunicado.

O Nobel, que consiste num diploma, uma medalha de ouro e um cheque de nove milhões de coroas suecas (cerca de 830 mil euros), será entregue em Oslo a 10 de Dezembro, aniversário da morte do fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896).

Desde 1901 foram atribuídos 99 prémios Nobel da Paz.

Enquanto os restantes Nobel são anunciados em Estocolmo, o da Paz é o único que é atribuído em Oslo, por decisão expressa de Alfred Nobel.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao médico congolês Denis Mukwege e à activista de direitos humanos Nadia Murad devido aos esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.