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May inicia contactos com líderes europeus para conseguir “garantias adicionais” no acordo

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A primeira-ministra britânica inicia hoje em Haia e Berlim uma série de encontros bilaterais com líderes europeus, numa corrida contra o tempo para conseguir “garantias adicionais” no acordo do ‘Brexit’ que satisfaçam os deputados do seu partido Conservador.

Theresa May cancelou a reunião semanal do Conselho de Ministros à terça-feira para voar até ao continente europeu, fazendo escala primeiro em Haia, para um encontro bilateral com o homólogo holandês, Mark Rutte.

Segue-se um encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, com quem May falou no fim de semana ao telefone, antes de anunciar na segunda-feira o adiamento do voto no parlamento britânico ao acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Além de Merkel e Rutte, May tem também previstos encontros nos próximos dias com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a quem vai expor a situação.

A primeira-ministra deverá estar em Londres na quarta-feira, onde mantém na agenda a sessão semanal de respostas aos deputados, mas volta a Bruxelas na quinta e sexta-feira, onde vai participar no Conselho Europeu sobre o ‘Brexit’, que incluirá uma discussão sobre o cenário de “não-acordo”.

May disse no parlamento britânico que a decisão de adiar o voto foi tomada após ouvir “muito atentamente o que foi dito, nesta Câmara e fora dela”, em particular a “preocupação generalizada e profunda” que muitos deputados vocalizaram sobre a solução de salvaguarda para a fronteira da Irlanda do Norte.

“Como resultado, se continuássemos e realizássemos a votação amanhã [hoje], o acordo seria rejeitado por uma margem significativa”, admitiu.

A solução conhecida por ‘backstop’, criada para evitar o regresso de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, foi criticada por dezenas de deputados do partido Conservador.

Adeptos e opositores ao ‘Brexit’ revoltaram-se contra o mecanismo, que pode ser ativado caso não exista um acordo sobre as relações futuras no final de 2020, por causa do risco de deixar o país “indefinidamente” numa união aduaneira sem poder sair unilateralmente.

Apesar da referência explícita no texto ao caráter temporário e ao compromisso de ambas as partes a procurar alternativas caso fosse necessário, May reconheceu que a solução continua a ser problemática e pretende “garantias adicionais”.

“Estamos também a procurar atentamente novas maneiras de empoderar a Câmara dos Comuns para garantir que qualquer necessidade de uma ‘backstop’ tenha legitimidade democrática e para permitir que a Câmara [dos Comuns] determine as suas próprias responsabilidades ao Governo para garantir que o ‘backstop’ não possa ficar em vigor indefinidamente”, prometeu.

Na segunda-feira, Theresa May não se quis comprometer sobre uma nova data para o voto ao acordo de saída, alegando: “Até as discussões começarem, não é possível dizer quanto tempo vai ser necessário”.