Mundo

Mais de 20 pessoas detidas na Bélgica em protesto dos “coletes amarelos”

FOTO Reuters
FOTO Reuters

Mais de duas dezenas de pessoas foram detidas na madrugada de hoje na Bélgica, na sequência de incidentes violentos perto de um depósito petrolífero em Feluy, onde “coletes amarelos” se manifestam há quase uma semana.

O Ministério Público de Charleroi indicou que 23 pessoas foram detidas na sequência dos desacatos ocorridos junto ao depósito situado a cerca de 50 quilómetros de Bruxelas, com oito delas a serem suspeitas de “rebelião armada” e 14 a serem acusadas de ter participado na pilhagem de um camião romeno de transporte de calçado desportivo.

Desde sexta-feira que este depósito petrolífero, gerido pelo grupo francês Total, é um dos pontos mais problemáticos na Bélgica do movimento dos “coletes amarelos”, lançado em França para protestar contra a subida do preço dos combustíveis.

As entradas e saídas de veículos do local têm sido bloqueadas regularmente pelos manifestantes, assim como a circulação na auto-estrada vizinha, a E19, que liga Bruxelas a Mons.

Os incidentes desta madrugada foram os mais violentos de uma escalada de desacatos que teve início na segunda-feira.

“Havia dois grupos: os manifestantes que protestam contra a subida do preço dos combustíveis [...] e também agitadores, bem organizados e tacticamente fortes, que só aparecem ao final da tarde/noite”, explicou o ministro da Administração Interna belga, Jan Jambom, ao diário La Dernière Heure, defendendo que houve uma infiltração de anarquistas entre os manifestantes.

Um camião cisterna foi incendiado, vários camiões foram pilhados, e um motorista romeno foi obrigado a abrir o seu camião de transporte de calçado e foi assaltado.

Tommy Leclercq, o governador da província de Hainaut, cifrou em 400 o número de manifestantes que se concentrou em Feluy na última noite, acompanhado de perto por um dispositivo policial de 120 agentes. O político indicou ainda que entre aqueles existiam apenas “quatro ou cinco “coletes amarelos”.

“Esta violência é perfeitamente inaceitável (...) Todos têm o direito de expressar uma opinião e de se manifestar, mas não têm o direito de ser violentos, de destruir”, defendeu, por outro lado, o primeiro-ministro Charles Michel numa entrevista à rádio Bel-RTL.

Lançado em França no passado sábado, o movimento dos “coletes amarelos” espalhou-se pela região da Valónia, mas não chegou às regiões de Bruxelas nem à Flandres, o norte neerlandês na Bélgica.

Os “coletes amarelos” são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos criado espontaneamente nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa.

O movimento, que começou contra o aumento do imposto sobre o combustível e alargou os protestos contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o executivo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética no país.

Desde o início desta mobilização popular contra o aumento dos preços dos combustíveis, no passado sábado, contam-se já dois mortos e cerca de 530 feridos.