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Líderes africanos elogiam e encorajam desempenho do prémio Nobel da Paz de 2019

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Líderes africanos em todo o continente estão a reagir com elogios e votos de encorajamento à atribuição do prémio Nobel da Paz ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Não obstante a disputa em curso entre os dois países da bacia do Nilo sobre questões relacionadas com partilha de água, o Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, felicitou Abiy Ahmed pela distinção.

“É uma nova vitória para o nosso continente negro, que sempre aspira à paz e busca a estabilidade e o desenvolvimento”, escreveu o chefe de Estado egípcio, na sua página oficial no Facebook, pouco depois do anúncio da distinção do primeiro-ministro etíope.

O Presidente egípcio acrescentou: “Espero que os nossos esforços construtivos para pôr termo a todos os conflitos e diferenças em África prossigam, graças à vontade dos nossos grandes filhos e do nosso povo”.

Mohamed Abdullahi Mohamed, chefe de Estado da Somália - um dos países da região do Corno de África a que Abiy tem dedicado intensos esforços diplomáticos desde que tomou posse em abril de 2018 -- considerou que o primeiro-ministro etíope é “um justo vencedor”.

O Presidente da Libéria, George Weah, sublinhou o “feito nobre” alcançado pelo reformista etíope. Já o seu homólogo ganês, Nana Akufo-Addo, considerou o prémio “um lembrete para todos de que a paz é um dos ingredientes mais importantes necessários para fazer de África um sucesso”.

“Os seus esforços históricos de construção da paz deram esperança ao mundo, numa altura em que a liderança é mais necessária do que nunca”, afirmou através do Twitter o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

A Presidente da Etiópia desde outubro de 2018, Sahle-Work Zewde, a única mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado em África, em razão da renovação paritária do governo iniciada pelo próprio Ahmed, exortou todos os etíopes a continuarem a trabalhar “pela paz e prosperidade” no Corno de África e no resto do continente.

O Presidente da África do Sul, Cyril Rampahosa, declarou através de um comunicado de imprensa que este prémio “centra a atenção do mundo no progresso incessante da África” em direção à “paz e estabilidade” e felicitou a Etiópia e a Eritreia por terem aberto “novas possibilidades de cooperação, integração e desenvolvimento”.

Os líderes de países africanos como a Nigéria e o Quénia também elogiaram o trabalho de Abiy Ahmed. O primeiro-ministro sudanês, Abdalla Hamdok, saudou o seu homólogo etíope, considerando-o “um verdadeiro líder, cujo serviço à Etiópia e à África é exemplar”.

Abiy Ahmed desempenhou um papel fundamental no alívio da agitação política que se seguiu à destituição do antigo autocrata do Sudão, Omar al-Bashir, em abril, mediando um acordo de partilha do poder entre os ativistas pró-democracia e a junta militar que assumiu o poder no país.

“Ele [Ahmed] tem sido instrumental na criação de estabilidade económica e na promoção da paz”, tweetou Hamdok

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou o símbolo de inspiração que Abiy representa para todo o continente como protagonista de um acordo de paz histórico em 2018 que colocou um ponto final no confronto militar de 20 anos que se seguiu à secessão da Eritreia da Etiópia em 1993.

“A sua visão ajudou a Etiópia e a Eritreia a alcançarem uma aproximação histórica e a sua liderança foi um exemplo maravilhoso para outros em África e não só”, escreveu Guterres, também através do Twitter.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) juntou-se a este elogio, observando que a Etiópia se estabeleceu sob o mandato da Abiy como um dos principais refúgios seguros de África para aqueles que fogem de conflitos.

“A Etiópia é um dos principais recetores de refugiados em África, com mais de 700.000 pessoas registadas”, lembrou o alto-comissário, Filippo Grandi.

O prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali, informou o Comité Nobel norueguês.

De acordo com o comunicado divulgado pelo júri, o prémio foi atribuído ao primeiro-ministro da Etiópia pelo “seu importante trabalho para promover a reconciliação, a solidariedade e a justiça social”.

O prémio também visa reconhecer “todas as partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões leste e nordeste da África”, sublinha a nota.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao médico Denis Mukwege, da República Democrática do Congo, e à ativista de direitos humanos Nadia Murad devido aos esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.