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Jornalistas e activistas de 100 países em reunião sobre liberdade de imprensa em Londres

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Delegações de mais de 100 países e organizações internacionais, incluindo 60 ministros, e mais de mil jornalistas, académicos e activistas vão participar numa conferência internacional, hoje e amanhã em Londres, para discutir formas de melhorar a liberdade de imprensa.

A Conferência Global sobre a Liberdade de Imprensa tem como co-anfitriões os ministros dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, e canadiana, Chrystia Freeland, e pretende criar uma coligação de governos determinados a usar a política externa para responder a restrições do trabalho dos jornalistas.

Na origem da iniciativa destes dois países está a convicção de que a liberdade de imprensa é não só um direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas “uma parte essencial da prosperidade económica, desenvolvimento social e democracias resilientes”.

Além dos mais de 20 painéis de discussões, os co-anfitriões Reino Unido e Canadá esperam que os países representados, entre os quais Portugal optou não estar, se comprometam com medidas concretas para garantir a liberdade de imprensa, além de adoptarem uma declaração conjunta.

O homicídio da maltesa Daphne Caruana Galizia, em Outubro de 2017, ou do saudita Jamal Khashoggi, em Outubro de 2018 são alguns dos casos emblemáticos de um ambiente cada vez mais hostil para os jornalistas.

A UNESCO registou a morte de pelo menos 99 jornalistas em 2018, 348 presos e 60 mantidos como reféns, o pior balanço de sempre, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras.

Durante os dois dias vão realizar-se debates em temas como a confiança na comunicação social britânica, a liberdade de imprensa na América Latina e África, a influência dos proprietários na independência dos jornalistas ou a segurança em zonas de conflito e das mulheres jornalistas.

Em Abril desde ano, Jeremy Hunt nomeou a advogada anglo-libanesa Amal Clooney, casada com o actor George Clooney, como enviada especial para a questão da liberdade de imprensa, tendo em conta a sua experiência na defesa de jornalistas em tribunal em diferentes países.

Durante a conferência será anunciada a nomeação do juiz britânico David Neuberger como presidente do Painel de Alto Nível de Peritos Jurídicos sobre liberdade de imprensa, formado por advogados de vários países com o objectivo de trabalhar com governos e outros parceiros para “combater as leis draconianas que impedem os jornalistas de exercer livremente o seu trabalho”.

A ameaça da desinformação também vai ser abordada na conferência e é uma preocupação do governo britânico, que no início da semana anunciou um pacote de 18 milhões de libras (20 milhões de euros) para apoiar a comunicação social na Europa de Leste, em especial nos Balcãs Ocidentais.

O governo britânico criou uma unidade interna de combate às ‘fake news’ na sequência do ataque químico em Salisbury, em 2018, e tem vindo a oferecer acções de formação para funcionários públicos que também atraíram o interesse de governos de outros países.

Londres atribuiu a responsabilidade do ataque à Rússia, o que resultou num conflito diplomático que continua, e que está na origem da recusa de acesso à conferência dos meios de informação russos RT e Sputnik pelo seu “papel activo na difusão de desinformação”.

Mesmo assim, o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico garante que estão registados jornalistas russos, e que apenas não convidou oficialmente para o evento os governos da Venezuela, Coreia do Norte e Síria.