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Guaidó diz que há 300 mil pessoas em risco de morte devido à fome

Foto EPA
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O líder do parlamento e autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, disse hoje, em conferência de imprensa em Brasília, que a Venezuela tem 300 mil pessoas em risco de morte.

Guaidó acrescentou ainda que esses venezuelanos não puderam contar com a entrega da ajuda humanitária internacional ao país.

Juan Guaidó, que falava numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou que Nicolás Maduro continua intransigente em relação a qualquer negociação que leve à paz no país.

“Estamos a tentar negociar há cinco anos. Eleições livres são uma exigência do povo venezuelano. Não pode haver presos políticos. Temos quatro milhões de venezuelanos no exterior que não podem votar. Não há uma auditoria do processo”, afirmou.

Outro dos problemas que a Venezuela atravessa, segundo Guaidó, é a utilização de território venezuelano para a construção de passagens que facilitam o narcotráfico por parte da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN): “A participação do Brasil será importante. Há muitas informações que podemos partilhar na luta anticorrupção”, declarou.

O líder da oposição venezuelana agradeceu também a ajuda do país vizinho e declarou perante Jair Bolsonaro que o Brasil vai poder contar com uma “Venezuela próspera”, de forma a recuperarem as relações económicas entre os dois países.

Por sua vez, o chefe de Estado brasileiro assegurou que não poupará “esforços” para restabelecer a democracia na Venezuela.

“Nós não pouparemos esforços dentro, obviamente, da legalidade, da nossa Constituição e das nossas tradições, para que a democracia seja restabelecida na Venezuela. E todos nós sabemos que isso será possível através, não apenas de eleições, mas de eleições limpas e confiáveis”, afirmou o Presidente brasileiro.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes, tal como o Brasil.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.