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Facebook encerra páginas e contas ligadas ao exército de Myanmar

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O Facebook anunciou o encerramento de centenas de contas e páginas ligadas ao exército de Myanmar (antiga Birmânia), numa resposta aos que acusam a rede social de dar eco ao discurso de ódio no país, sobretudo contra os rohingya.

No total, 425 páginas e 135 contas foram removidas, anunciou hoje o Facebook.

Os responsáveis pelas páginas identificavam-se como fornecedores independentes de informação, com conteúdos que iam desde o entretenimento a dicas de beleza, mas, na verdade, provou-se a sua ligação a militares de Myanmar ou a outras páginas já excluídas anteriormente.

“Não queremos que pessoas ou organizações criadoras de redes de contas possam induzir as pessoas em erro sobre as suas identidades ou sobre as suas acções”, defendeu o Facebook, que é de longe a rede social mais popular no país.

A página do chefe do exército, muito seguida neste país onde grande parte da comunicação oficial é feita nesta plataforma, foi encerrada em agosto por “violações dos direitos humanos”.

O exército tem sido acusado de desempenhar um papel de liderança na limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya, que é referida como genocídio pelos investigadores da ONU.

O Facebook também proibiu um grupo de monges extremistas no início do ano de usar sua plataforma, depois de ter admitido alguma lentidão no combate ao conteúdo racista naquele país.

Investigadores das Nações Unidas, que realizam trabalho na área dos abusos contra os rohingya, disseram que a rede social desempenhou “um papel determinante” na divulgação do discurso de ódio.

Esta luta contra a instrumentalização da rede social surge num momento delicado para a líder de Myanmar, Aung San Suu Kyi, amplamente criticada pela comunidade internacional pela sua gestão da crise dos rohingya e pelo silêncio face aos abusos do exército e das milícias budistas.

A líder de facto do Governo de Myanmar vai colocar em jogo, nas eleições de 2020, a histórica vitória alcançada em 2015.