Mundo

Ex-Presidente da Eslovénia diz que todos devem pensar no que fazer pelos direitos humanos

None

O antigo Presidente da Eslovénia e ex-candidato a secretário-geral da ONU Danilo Turk defendeu hoje que “todos temos de pensar individualmente no que podemos fazer” quando se fala de direitos humanos e mais ainda quem tem cargos políticos.

A afirmação foi feita por Danilo Turk durante o debate “Discutir os Direitos e Deveres Humanos”, que hoje se realizou nas conferências do Estoril, a decorrer até quarta-feira.

O antigo Presidente da Eslovénia reagia a uma história que abriu o debate, lembrada por uma das oradoras convidadas - Laurinda Alves, professora de Comunicação e Ética da Nova School of Business and Economics - sobre um bebé arrancado dos braços da mãe e atirado borda fora de um barco de migrantes para obter silêncio absoluto no caminho ilegal para a Europa.

“Penso que a principal lição que retiramos sobre direitos humanos desde 1948 [ano da Declaração dos Direitos Humanos] é esta: cada um tem de perceber o que pode fazer para tornar este ideal em algo mais próximo da realidade”, afirmou.

Embora considere que “o mundo hoje é melhor do que era em 1948”, Danilo Turk sublinha que isso não quer dizer “que está melhor para todos e em todas as situações”.

Mas os direitos humanos são algo que tem de evoluir com o tempo, defendeu, lembrando que “a própria declaração de conquistar um nível de direitos humanos para todas as nações, portanto é um desejo de melhoria”.

O Presidente da Eslovénia entre 2007 e 2012 reconheceu ainda que, embora “todos possam mudar alguma coisa”, quem está num cargo político tem uma capacidade que deve ser usada.

“Quando fui Presidente visitei Ramallah [cidade palestiniana perto de Jerusalém] e falei com presidente da Autoridade Palestina para lhe perguntar em que podia ajudar. Ele disse-me tinham muitas crianças feridas em Gaza e sem assistência apropriada. Por isso criei uma fundação para assistir crianças com incapacidades sérias devido a ferimentos em conflitos armados”, contou.

“Eu estava numa posição política e conseguia falar com autoridades e organizar serviços médicos. Quem está numa posição política, pode fazê-lo”, concluiu.

Também Wang Hui, diretor e fundador do Instituto Tsinghua de Estudos Avançados em Humanidades e Ciências Sociais, da China, considerou que o mundo hoje está numa fase “muito diferente” da que era vivida quando foi assinada a Declaração dos Direitos Humanos.

“Durante a Guerra Fria, os países lutavam pelos seus interesses. Hoje, as crises étnicas, ecológicas e de direitos humanos emergem em sociedades diferentes”, afirmou, admitindo que, atualmente, países com “diferentes sistemas políticos enfrentam os mesmos desafios”.