Madeira

Verba inicial para restauro do Convento de Santa Clara ligeiramente alterada

Inicialmente o Governo previa pagar 1,2 milhões de euros, agora são menos umas dezenas de milhares

Foto Arquivo
Foto Arquivo

A grande obra de restauro do Convento de Santa Clara, que tem sido adiada pelo menos desde 2013, quando entrou nos planos do Governo Regional, mas efectivamente era intenção pelo menos desde 2009 (com obras no muro em 2004), vai avançar ainda este ano e o dinheiro para o efeito já está oficialmente publicado. Melhor dizendo, republicado, uma vez que inicialmente estava previsto uma verba de 1,2 milhões de euros e agora custará cerca de 1,147 milhões de euros (+IVA).

Além disso, na Portaria publicada ontem no Jornal Oficial da Região, que altera a primeira versão de Dezembro do ano passado, o Governo Regional redistribuiu o dinheiro quase que equitativamente pelos dois anos (2019 e 2020), respectivamente 549 mil para este ano e 598,7 mil para o próximo ano (antes os encargos orçamentais eram de 828,5 mil para o ano corrente e 371,4 mil para o ano seguinte).

Tal como noticiado em Março, na apresentação do projecto de reabilitação e restauro no valor de 2,3 milhões de euros, a renovada Igreja e Convento de Santa Clara, no Funchal, será suportada em quase dois milhões de euros pelo FEDER (candidatura aprovada em finais de Janeiro de 2019 na 48ª Unidade de Gestão do Programa Operacional Madeira 14-20), numa obra promovida pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura (SRTC).

Saliente-se que o projecto terá quatro fases. “A primeira fase é a da reabilitação geral do edifício - área visitáveis, convento e igreja. Coberturas, pavimentos, madeiras, sistema de iluminação. A segunda fase vai incidir na conservação e restauro do património artístico do convento - móvel integrado, móvel - pinturas, esculturas, talhas, etc. Na terceira fase, o trabalho consistirá em tornar o convento num edifício com um percurso visitável. Vai permitir apreciar detalhes arquitectónicos e o acervo, incluindo o que não está actualmente visível. A quarta fase consistira em tornar o edifício parte integrante de um roteiro cultural e turístico do Funchal”, podia-se ler no DIÁRIO de 30 de Março.

Na descrição do projecto candidatado aos fundos comunitários, pode-se ler que a “Igreja e Convento de Santa Clara constitui um dos mais importantes testemunhos do património cultural e histórico da Região, encontrando-se classificada como Monumento Nacional desde 1940. Construído no período manuelino (séc. XV), este convento é um imóvel gótico tardio que, apesar das profundas transformações a nível artístico e arquitectónico ocorridas nos séculos XVII e XVIII, em plena época barroca, conserva ainda testemunhos da sua traça primitiva. Actualmente, apesar de se encontrar aberto ao público, apresenta graves problemas ao nível do estado de conservação dos seus elementos arquitectónicos e artísticos e ainda da identificação e descrição dos espaços mais importantes. O projecto de reabilitação e restauro consiste na redefinição da área visitável, na recuperação generalizada dos edifícios e espaços que a constituem.

Com os horários actuais de atendimento (10-12h/15-17h) é possível visitar “o Átrio, a Capela de São Gonçalo de Amarante, possivelmente edificada no século XVI, o Alpendre de acesso aos Coros e Claustro, o Coro de Baixo e o Coro de Cima, num belo panorama para o interior da Igreja de Santa Clara”, pode-se ler na página do Turismo da Madeira.

A verdade é que este convento irá entrar em obras de restauro precisamente 530 anos após o início da sua construção (1489, tendo sido concluída em 1496), podendo ser visto “nas suas paredes azulejos do séc. XVII, tectos em madeira e em azulejos de estilo hispano-árabe e uma colecção de telas restauradas dos sécs.XVII e XVIII”.

Mandado edificar “pelo segundo capitão-donatário do Funchal, João Gonçalves da Câmara, nas imediações da residência de seu pai, com o fim de recolher as filhas da nobreza local”, o “conjunto de edifícios do Convento de Santa Clara constitui um valioso património, pelo recheio que possui e, principalmente, por ainda nos nossos dias apresentar a mesma missão para a qual foi construído: um Convento de Religiosas Franciscanas”, lê-se.