Madeira

SPEA dá nota negativa para o Governo Regional na protecção da natureza

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A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), uma das maiores ONGs de ambiente do país, presente na Região há mais de 20 anos, lamenta “quatro anos de desinteresse e desinvestimento ao nível da protecção das espécies e da valorização do património natural”, pelo que dá nota negativa ao Governo Regional da Madeira.

A intenção do executivo madeirense de construir uma estrada asfaltada entre as Ginjas e os Estanquinhos, localizada em plena Rede Natura 2000 e classificada como Património da Humanidade da UNESCO, foi o catalizador desta reacção por parte da SPEA.

“É a mais recente de um rol de decisões gravosas tomadas pelo Governo Regional da Madeira no último mandato. Aliadas ao desinvestimento na protecção da natureza por parte do executivo governamental nos últimos 4 anos, decisões como o abate de pombo-trocaz, a libertação de coelho-bravo no Porto Santo e a disseminação deliberada de plantas invasoras colocam em risco o vasto património natural da Madeira”, realça a organização.

“Os madeirenses têm o direito de exigir do Governo Regional uma política mais eficaz na protecção e valorização do rico património natural, que é seu e de todo o Mundo”, vinca Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira numa nota dirigida à imprensa.

Com um trabalho desenvolvido maioritariamente em parceria com os organismos do governo regional, com autarquias e outros parceiros públicos e privados, “a SPEA não pode deixar de avaliar negativamente algumas das decisões tomadas ao longo dos últimos quatro anos pelo executivo regional, com impactes no património natural do arquipélago da Madeira”, reitera a mesma nota.

Neste seguimento, SPEA lança três desafios que deverão ser prioridade no próximo programa de governo: parar o abate anual de uma ave protegida; terminar com a disseminação de espécies exóticas invasoras (por exemplo, o coelho-bravo); não construir a estrada entre as Ginjas e os Estanquinhos.

“Esperamos que as futuras decisões considerem os elevados impactes que as acções de fragmentação acarretam sobre um habitat, já de si fustigado por ameaças, como a disseminação de espécies invasoras, a propagação de incêndios e as alterações climáticas. O futuro executivo do Governo Regional não pode ignorar os investimentos avultados e o enorme esforço conjunto realizado ao nível do controlo de espécies invasoras e de reflorestação com flora nativa recentemente levados a cabo nesta área; nem ignorar os impactes sobre uma área sensível, que ainda se encontra em recuperação, após as acções realizadas no âmbito do projecto Life Fura-bardos, evitando a pressão e a degradação da floresta”, afirma em comunicado a coordenadora da SPEA Madeira.

“Ainda vamos a tempo e esperamos que todas estas temáticas constem do programa do próximo executivo do Governo Regional. Esperamos que seja equacionado um maior investimento na conservação da natureza, com a protecção e gestão efectiva das nossas áreas naturais”, conclui Cátia Gouveia.