Madeira

“Memória, gratidão e fé” recordam tragédia do 20 de Fevereiro

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Na Sé do Funchal um crucifico contorcido pelas forças da natureza e a imagem de Nossa Senhora da Conceição simbolizaram, hoje, a resistência e a fé de um povo que há 10 anos atravessou um dos piores momentos da história. As duas peças escaparam à enxurrada que destruiu por completo a capela das Babosas, no Monte, e foram trazidas para a missa em memória das vítimas que encheu a catedral.

Um momento aproveitado pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira para recordar os que partiram com a tragédia de 20 de fevereiro de 2010 e para agradecer a todos os que prestaram socorro à população.

Após a missa celebrada esta manhã, na Sé do Funchal, em memória das vítimas, José Manuel Rodrigues afirmou à comunicação social que devemos ter “memória e gratidão”. “Memória por aqueles que partiram, por aqueles que perderam a vida e também por aqueles que estando vivos perderam muito dos seus bens, alguns irrecuperáveis”.

O Presidente do Parlamento madeirense lembrou que há pessoas à espera de uma habitação. “É preciso que este problema do alojamento definitivo se resolva. As cicatrizes ainda estão abertas, há feridas por sarar e é bom que se evoque este dia para também que nunca se esqueçam os erros que os homens cometeram e que também foram potenciadores daquela tragédia”.

José Manuel Rodrigues manifestou ainda gratidão “às forças de segurança, às forças de socorro, à proteção civil, aos bombeiros, a todo o povo que se uniu em correntes de solidariedade para travar as correntes de lama que invadiam a ilha”.

Na missa celebrada pelo Bispo do Funchal, D. Nuno Brás recordou a tragédia que fez 47 mortos. “Há precisamente 10 anos a Madeira viveu um dos mais aflitivos momentos da sua história”, disse referindo-se à maior catástrofe natural dos últimos 200 anos na Região. “Ao contrário de tantas outras situações semelhantes, ocorridas anteriormente, aquele 20 de fevereiro de 2010 colocou pela primeira vez a nossa ilha nos noticiários do Mundo inteiro pelas piores razões. O Mundo assistiu impotente às águas e lamas que se precipitavam pelas encostas, pelas ribeiras, levando atrás de si quanto encontravam. O inferno parecia ter irrompido no paraíso do Atlântico. E, desta vez, o inferno não era de fogo, mas de água e lama. Vidas perdidas, casas destruídas, famílias enlutadas”, retratou D. Nuno Brás, na Sé do Funchal.

O Bispo enalteceu ainda a fé de um povo “que não se deixou consumir pela angústia e desespero, mas que se entreajudando e unindo esforços foi capaz de reerguer um novo futuro, quase com a mesma rapidez com que tinha surgido a aluvião”.

10 anos após a tragédia do 20 de fevereiro a Sé do Funchal encheu-se de pessoas e de emoções, numa cerimónia participada por várias entidades regionais. Além do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, estiveram presentes o Representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, o Secretário da Saúde e Protecção Civil, Pedro Ramos, deputados de todos os partidos com assento no parlamento madeirense e vários autarcas da Madeira.