Madeira

Madeira tem 27 bacias hidrográficas em risco de inundação

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A Madeira reportou à União Europeia que 27 bacias hidrográficas estão em risco de inundação. A revelação foi feita por Pimenta da França, director do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), esta tarde, aquando da assinatura de um protocolo com a APRAM tendo em vista o bom funcionamento do Porto do Funchal.

“Tudo o que são infra-estruturas em zona de risco em termos de escoamentos fluviais têm de ser estudadas. A Madeira reportou à União Europeia 27 bacias hidrográficas consideradas de risco de inundação por via do galgamento de margens. Essas 27 bacias terão de ser estudadas. Algumas delas têm infra-estruturas marítimo-portuárias e, por exemplo, Porto Novo, Machico ou Ribeira Brava, terão de ser estudadas. Interessa-nos fazer esses estudos também”, explicou Pimenta da França, que se mostra “preocupado com a medida do risco por via dos escoamentos fluviais”.

De acordo com o engenheiro, “é necessário assegurar que os escoamentos das ribeiras de João Gomes, São João e Santa Luzia”, e por isso o LREC tem procedido, nos últimos tempos, “à modelação da hidrodinâmica e da morfodinâmica do Porto do Funchal”, identificando “o padrão de assoreamento do próprio Porto” e identificando “todos os parâmetros de agitação marítima no seu interior”, porque “tudo isso já está provado que contribui para o agravamento do risco de galgamento e inundação da zona baixa do Funchal em caso de situação de precipitação extrema”. Dados que “interessam ao projectista que irá pensar na ampliação do Porto do Funchal”.

Sobre os estudos, que estarão concluídos em Agosto, Pimenta da França esclarece que esta parceria é efectivada para o desenvolvimento do interesse comum “numa bacia muito condicionada onde funciona a principal infra-estrutura portuária da Região e onde desaguam três das principais ribeiras regionais”.

“É uma bacia que tem sido afectada fortemente por situações aluvionais. Há um conjunto de situações para resolver, tanto ao nível dos escoamentos fluviais e desassoreamentos, na área do Porto, e do próprio funcionamento do Porto por via da alteração de alguns parâmetros da agitação marítima. Há intenção, de a médio prazo, ampliar o Porto do Funchal, não só para assegurar a tranquilização dos cais acostáveis, mas sobretudo para permitir a acostagem de navios de maior envergadura. Nós temos de conciliar os estudos que o LREC tem vindo a desenvolver”, clarificou.

Obras de ampliação arrancam depois do hospital estar no terreno e o desassoreamento custa 1 milhão de euros ao Governo Regional

Também presente na assinatura do protocolo esteve o vice-presidente do Governo Regional da Madeira, Pedro Calado, que destacou a parceria “muito positiva”.

“Temos um Porto que é visitado por navios de cruzeiro cada vez maiores, com maior dimensão e com maior número de passageiros. Vêm menos navios, mas vêm mais passageiros, e isso obriga a que o Porto do Funchal tenha de ter uma certa adaptação. Temos de olhar para aquilo que a natureza nos obriga a fazer e a corrigir. Daí estes estudos serem importantíssimos”, começou por referir o número dois do executivo madeirense, sustentando essa importância atirando farpas aos críticos.

“Nunca um Governo que tenha responsabilidade de gerir dinheiro público pode tomar decisões sem estar defendido com o devido acompanhamento e estudo técnico e científico. Não podemos tomar decisões com base naquilo que as pessoas acham que se pode fazer. Só este ano, o Governo Regional investe mais de um milhão de euros no desassoreamento dos portos, quer no Porto do Funchal, quer no Porto Santo. São operações difíceis e complicadas, mas necessárias para o bom funcionamento do Porto”, atirou Pedro Calado, relembrando, como já foi dito por diversas vezes, que “depois da obra do Hospital” iniciar-se-á o “processo de ampliação do Molhe da Pontinha”.

“Não só para termos em consideração a segurança da zona baixa do Funchal, mas também porque numa segunda fase vai permitir a acostagem de navios maiores e vai permitir também que tenhamos ali outra qualidade de recepção de turistas, via marítima, que hoje não temos”, destacou, aproveitando novamente para visar os críticos. “A verdadeira aluvião não é aquela que resulta nas chuvas e nos pedregulhos que descem a montanha. A verdadeira aluvião é muito cultural e passa muito pelo conhecimento empírico que as pessoas têm”.