Madeira

É preciso dar um salto quântico e falar de comunidades de Língua Portuguesa” diz Correia de Jesus

Foto Rui A. Silva/ASPRESS
Foto Rui A. Silva/ASPRESS

Depois de uma pausa para café, o Fórum Madeira Global continua esta quarta-feira, desta vez com uma Mesa Redonda moderada pelo jornalista da RTP Madeira, Gil Rosa. Sob o tema ‘A participação política nos países de acolhimento’, Carina Alves, deputada no Parlamento de Jersey (Reino Unido), José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Manuel Correia de Jesus, ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, e Eugénio Perregil, debatem o tema.

As novas leis eleitorais foi um dos assuntos que o secretário de Estado das Comunidades trouxe para a conversa, revelando que enquanto em 2017, 318 mil cidadãos portugueses no mundo votaram, “agora, um milhão e 400 mil cidadãos” podem exercer o direito de voto. Isto é, sublinha José Luís Carneiro, cerca de “um milhão e 150 mil portugueses [a viver fora] não estavam recenseados”. O secretário de Estado destacou ainda vários assuntos do quadro das comunidades de língua portuguesa, como as “alterações feitas em termos de apoio ao movimento associativo dos portugueses no estrangeiro”, algo que considera importante porque é, muitas vezes, a partir destas associações que os políticos estão hoje nessa condição. José Luís Carneiro disse ainda que o Governo tem no terreno o projecto ‘Diálogos com as Comunidades’, que “tem em vista aperfeiçoar as opções políticas cujos destinatários são os portugueses que se encontram no estrangeiro”.

Falou depois Manuel Correia de Jesus, ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que deixou um alerta: “Estamos no Fórum Madeira Global a analisar políticas no seu todo, mas é preciso ter presente que as comunidades portuguesas são, no seu todo, as que estão no estrangeiro. Mas dentro dessas, têm o seu género fazem diferenças específicas”. Sobretudo, sublinhou, as açorianas e madeirenses.

Sobre as comunidades madeirenses, Manuel Correia de Jesus considerou que “é muito importante analisar o movimento associativo”. O ex-secretário de Estado defende que “era preciso que as comunidades [madeirenses] se abrissem para a comunidade de acolhimento”. Tudo isto, naturalmente, para estarem integradas. Pensando no tempo da sua experiência como secretário de Estado, Manuel Correia de Jesus recorda que as comunidades madeirenses “eram muito fechadas em si próprias”.

Para Correia de Jesus, a “questão fundamental que aqui se põe, que é patriótica, de Estado (...) é aquela que tem em vista a situação dos luso-descendentes no estrangeiro”. Com base nessa ideia, acrescentou, é urgente “construir uma política eficaz para que os luso-descendentes fiquem ligados à sua língua, à sua pátria”.

Manuel Correia de Jesus disse ainda que é necessário articular uma política para as comunidades portuguesas com uma política lusófona no mundo. Isto porque, pelo menos no tempo em que governou, estas não estavam integradas. Actualmente, destacou, o Instituto Camões e outros do género têm contribuído para que estas políticas já não estejam “de costas voltadas”. Rematou Correia de Jesus: “É necessário dar aqui um salto quântico (...) e falarmos das comunidades de Língua Portuguesa”.