O esvoaçar do abutre

Não quis ou não teve coragem para disputar as últimas eleições no PSD cara a cara com Rui Rio (RR) quando eram de todos conhecidas as difíceis circunstâncias em que o PSD se encontrava em termos de projeções eleitorais face ao PS. Após a 1ª entrevista de RR como líder do PSD à TVI, logo no dia seguinte, sem respeito pela ética democrática face à sua qualidade de militante, deu uma entrevista à SIC onde serviu de joguete numa tentativa de desvalorizar o líder há pouco eleito. Durante a campanha eleitoral para as legislativas limitou-se a pairar silenciosamente à espera dos resultados. Ei-lo agora qual abutre atrás do odor a cadáver a pedir a cabeça de RR por não ter ganho as eleições. Não se conhece nada de especialmente relevante no seu percurso político e menos ainda durante o período em que se sentou na bancada do PSD na Assembleia da República onde teve oportunidade de esgrimir argumentos contra a governação do PS sem que possamos lembrar o que quer que seja de significativo. O conteúdo das suas entrevistas e declarações públicas pouco mais é do que o alinhavar de generalidades aquilo a que vulgarmente se chama “conversa fiada” completamente incapaz de uma ideia positiva forte e mobilizadora capaz de definir um rumo. O pouco de que é capaz prima pela negativa “não haverá acordo com o PS” é esta a sua pobre e triste ideia chave para liderar o PSD. RR já o afirmou e é de certeza um dos caminhos que o PSD terá de seguir, conhecer e ouvir os anseios dos desiludidos e revoltados que se abstêm e votam branco ou nulo, nomeadamente os jovens com formação superior sujeitos ao jugo das empresas de trabalho temporário, com trabalho precário e salários que não se coadunam com as suas habilitações ou desempregados. É a este universo farto de palavras de circunstância e slogans ideológicos, que quer propostas claras e exequíveis que lhes permitam vislumbrar um futuro em Portugal de acordo com os seus legítimos anseios que o PSD tem de dar atenção.

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