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Agustina Bessa-Luís era “figura de excepção” que se inspirou no Douro, afirma vice-reitor da UTAD

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A escritora Agustina Bessa-Luís era uma “figura de exceção” da cultura portuguesa que se inspirou e usou o Douro como palco de vários livros, afirmou o vice-reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Artur Cristóvão foi um dos coordenadores do “Ano de Agustina”, uma organização da UTAD, localizada em Vila Real, que homenageou a escritora portuguesa ao longo de 2018.

“A morte de Agustina Bessa-Luís é uma grande perda para o país. Era uma pessoa com uma obra vastíssima e muito diversificada. Era uma figura de exceção no panorama da nossa cultura”, disse o vice-reitor à agência Lusa.

A escritora nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922, mas passou parte da sua juventude, entre os 12 e os 18 anos, em Peso da Régua.

“As suas origens estão aqui muito ligadas a esta região, a que ela dedicou uma parte da sua escrita”, salientou.

Alguns dos seus romances, como “O princípio da incerteza” ou “Vale Abraão” são passados no Douro. Esta última obra foi adaptada ao cinema por Manoel de Oliveira, que usou como cenário a quinta do Vale de Abraão, que entretanto se tornou num hotel de luxo.

Artur Cristóvão elencou ainda o livro “Estações da vida”, recentemente reeditado, que é um registo que a autora faz das suas viagens nas linhas de caminho-de-ferro, nomeadamente na Linha do Douro.

Neste território há, segundo o vice-reitor, “muitos espaços que marcam a vivência” da escritora.

E foi, sublinhou, pela sua “obra excecional” e pela “ligação ao Douro”, que a UTAD resolveu homenagear Agustina Bessa-Luís, numa iniciativa que visou ainda consagrar a “sua vida e obra” e “estimular novos leitores”.

O “Ano da Agustina” terminou em 23 de novembro, com a atribuição do doutoramento ‘Honoris Causa’ à escritora, em Vila Real, tornando-se na primeira mulher a ser distinguida com este título honorífico pela UTAD.

Ao longo de 2018 foram realizadas várias iniciativas, como exposições, palestras, ciclos de cinema, colóquios, assim como atividades nas escolas “para estimular os alunos a trabalhar, a ler e a interpretar Agustina Bessa-Luís”.

“Não é uma escritora fácil e era importante que a fizéssemos chegar a mais estudantes da UTAD e também a jovens fora da UTAD”, salientou o vice-reitor.

A homenagem pela universidade partiu de um desafio lançado pelo presidente do Conselho Geral da academia, José da Silva Peneda.

A autora deixou mais de 50 títulos publicados, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis.