Debate metafísico
É certamente uma das grandes questões universais da vida: a existência de um ente superior (Deus) ou não. Talvez apenas superada pela interrogação: Existe vida depois da morte? Podendo ou não necessariamente uma estar relacionada com a outra… O ser humano sempre precisou de Deuses, já é assim desde a pré-história, quando acreditavam que o Sol era um Deus, depois veio o paganismo, e depois as religiões. Analisando retrospetivamente, concluímos que as religiões foram buscar muito da mitologia antiga. As religiões são organizações poderosas com fiéis acríticos.
Passámos do politeísmo para o monoteísmo, e a seguir…
A pergunta típica dos crentes aos agnósticos/ateus é sempre a mesma: “Quem criou isto?”. Mas naturalmente também se pode contra-perguntar: “Quem criou Deus?”... Isso levaria a imensas questões subsequentes, o qual este texto não pretende de todo discorrer.
Costuma-se dizer que não se discute religião, futebol e política. Ora, neste país já se fala muito de futebol (mais do que), política, mas religião é assunto intocável!
Existem atualmente debates, conferências, simpósios, colóquios, fóruns por tudo e nada, mas raramente se assiste a debates sobre a existência ou não de Deus.
Curioso que uma pergunta tão fundamental nunca é esmiuçada. Qual o mal?
Recordo um programa da RTP, “Prós e Contras” que abordou a questão e foi pertinente.
Obviamente não iremos chegar a respostas para já! Mas podemos chegar a muitas perguntas interessantes e desafiantes. Seriam levantadas dúvidas às quais muita gente nem um minuto da sua vida quis sequer dispensar. As pessoas estão dentro de uma matriz, mas não conseguem sair da mesma.
Convidando padres, rabis, imãs, gurus colocando-os frente a frente a ateus de vária índole: cientistas, psicólogos, sociólogos, filósofos…
Na Madeira, a Igreja detém muita influência e poder ao longo de séculos e consequentemente com aspetos positivos e negativos…
As religiões obviamente também ensinam bons valores às sociedades assim como outras perigosas inconsistências…
Nas nossas 2 ilhas pequenas existe muita uniformidade, formatação e medo.
Não me recordo de ter visto um debate de tal natureza no nosso arquipélago. Quantas pessoas falam em santos e santas (nem sabendo nada dos mesmos) e nunca leram nada de F. Nietzsche, C. Sagan , B. Russell ou C. Dawkins? Existe uma falta de debate metafísico porque é um assunto tabu! Existem poderes seculares que não querem ser questionados. Os políticos sabem aproveitar-se disso. As pessoas gostam de obedecer. Os dogmáticos não gostam que os seus dogmas sejam criticados e a sensibilidade é muito acentuada… A frase “mistério da fé” é sempre buscada pelos mesmos.
Quando há conversas desta temática não são raras as irritações, insultos e amuos, o que não deveria acontecer. Se é algo tão positivo, forte e evidente para os crentes, porque não é debatível?...De que têm medo?
É preciso haver mais ousadia intelectual para desbravar novas fronteiras do conhecimento. Estamos no Século XXI. Devemos viver numa sociedade aberta, evoluída e discutida.
A grande maioria das pessoas é religiosa por tradição, porque foi doutrinada a acreditar, mas noto que não existe nem a intenção do aprofundamento em ir ao fundo da questão…
A ciência está sempre a evoluir e já respondeu a muitas questões que o ser humano desconhecia, às quais a Igreja lidou muito mal. Galileu, Copérnico, Darwin, etc que o digam…
Foi a ciência que desbravou muitos enigmas e não as religiões.
Mas ainda estamos para descobrir novas etapas epistemológicas. O mundo não vai parar nem a ciência deixar de evoluir.
Esta carta é só um repto, uma interrogação, um exercício intelectual, não existem intenções moralizantes. Não possui maldade.
Rodrigo Costa