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Eleições Autárquicas Madeira

Livre acusa Câmara do Funchal de "incompetência imperdoável" na gestão de fundos habitacionais

Marta Sofia alerta para risco de perda de 25 milhões de euros destinados à habitação social

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A candidata do Livre à Câmara Municipal do Funchal e Assembleia Municipal do Funchal, Marta Sofia, lançou duras críticas ao actual executivo municipal pela gestão da emergência habitacional na cidade, classificando a administração dos fundos disponíveis como "incompetência imperdoável".

De acordo com a candidata, o Funchal dispõe desde 2019 de uma Estratégia Local de Habitação (ELH) aprovada, que identificou corretamente as carências do concelho - que apresentava a taxa de carência habitacional mais elevada da Região Autónoma da Madeira. O documento previa o financiamento através de fundos europeus, orçamento municipal, o programa 1.º Direito e a Taxa Municipal Turística (TMT).

"A Estratégia do Funchal não é um documento que precise de ser refeito. É um documento que precisa de ser implementado. O problema não é a falta de plano, é a falta de vontade política e o atraso administrativo que impede que as famílias mais vulneráveis acedam à sua casa", afirma Marta Sofia.

O principal foco das críticas centra-se na utilização dos fundos do programa 1.º Direito. O município assegurou 28 milhões de euros para a construção de 202 novos fogos até 2024, mas relatórios recentes indicam que apenas cerca de 3 milhões foram utilizados, permitindo construir apenas 33 fogos.

Esta situação deixa 25 milhões de euros "parados ou em risco iminente de serem perdidos devido à inacção e aos atrasos na execução administrativa", segundo a candidata.

Paralelamente, a Câmara Municipal do Funchal arrecada milhões através da Taxa Municipal Turística, que deveria capitalizar o Fundo Municipal de Habitação com pelo menos 1,2 milhões de euros anuais. Contudo, "o executivo não demonstra de forma transparente onde está a aplicar este dinheiro, enquanto famílias desesperadas continuam sem apoio", critica Marta Sofia.

"O dinheiro existe, a carência existe. A resposta é a única coisa que falha. Perder 25 milhões de euros seria um crime social contra os funchalenses", acusa a candidata.

Plano de resposta imediata

A candidata do LIVRE apresentou um plano de execução que promete criar 203 fogos sem necessidade de mais burocracia. A proposta inclui:

  • Resgate dos 25 milhões: Reorientar os fundos remanescentes do 1.º Direito para aquisição e reabilitação rápida de imóveis existentes no mercado, permitindo criar 178 fogos adicionais a curto prazo;
  • Fundo de Emergência e Housing First: Utilizar 1 milhão de euros da TMT para lançar um programa piloto de alojamento primeiro, incluindo apoio a pessoas em situação de sem-abrigo;
  • Fundos Europeus: Candidatar-se aos fundos "Bairros e Edifícios Mais Sustentáveis" para reabilitar património existente.

Medidas estruturais propostas

Para além das soluções de emergência, o LIVRE propõe sete medidas estruturais:

  1. Apoio a cooperativas de habitação com cedência de terrenos municipais a custos bonificados
  2. Tributação progressiva nas transacções imobiliárias
  3. Quotas obrigatórias em novos empreendimentos (15% habitação pública, 20% rendas acessíveis)
  4. Incentivos a promotores que desenvolvam habitação social sustentável
  5. Habitação assistida para idosos financiada pela Taxa Municipal Turística

"O Funchal não pode ser apenas um espaço para investir. Deve ser, acima de tudo, uma cidade para os funchalenses viverem. A prioridade é garantir habitação digna e acessível a todos. O Livre tem as soluções e a determinação para as executar", defendeu a candidata.

Marta Sofia concluiu: "A solução para o Funchal é clara: Execução, Transparência e Prioridade Social. Vamos resgatar os 25 milhões de euros, colocar a Taxa Turística ao serviço das famílias, e garantir que a Estratégia Local de Habitação do Funchal sai finalmente do papel para o telhado das casas",