Consequências da Ignorância Cívica numa Democracia
A democracia é um sistema político que para funcionar depende da participação ativa e informada dos seus cidadãos. É axiomático, que a ignorância, seja por falta de informação, desinteresse ou incapacidade de interpretar a complexidade do mundo atual, constitui um sério obstáculo ao progresso social e ambiental. Abordar as consequências da ignorância do povo numa democracia, especialmente diante da destruição ambiental causada por atividades económicas, que, apesar de suas consequências, tem o poder de manter a subsistência de muitas famílias, é um tema pouco ou mesmo nada debatido.
Contextualizando a ignorância em democracia, poderá dizer-se que no domínio cívico está relacionada com a falta de conhecimento e compreensão sobre as questões políticas, sociais e económicas. Na sociedade contemporânea, essa ignorância pode ser resultado de diversos fatores, onde se incluem a falta de acesso à educação de qualidade, pois muitas comunidades não têm acesso a uma educação que promova o pensamento crítico e uma compreensão aprofundada das questões cívicas. Em paralelo está também a desinformação e as notícias falsas, já que a proliferação de informações falsas e distorcidas nas redes sociais favorece a confusão e apatia política. Depois, a sobrecarga da vida quotidiana, pois num mundo onde muitos trabalham longas horas apenas para garantir a sobrevivência, a vontade e o tempo para se informar sobre questões importantes torna-se escassa. Como consequências da ignorância cívica, há que realçar a ignorância do povo em relação aos temas ambientais e económicos, a qual traz diversos problemas para a democracia e para o futuro do planeta, nomeadamente, a desconexão entre cidadania e sustentabilidade, que impede que os cidadãos façam escolhas informadas que promovam a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente. Levará também, à legitimação de políticas destrutivas, pois as cidades e países poderão adotar políticas que priorizem o crescimento económico imediato em detrimento da saúde ambiental, perpetuando um ciclo de destruição que pode levar à degradação irreversível do planeta. Paralelamente, a anestesia coletiva, já que a colocação do esforço e foco na sobrevivência diária, muitas vezes leva os cidadãos a aceitarem a situação vigente sem a questionar, resultando em apatia política e falta de mobilização em prol de mudanças necessárias. E por fim, a desigualdade social, pois a ignorância pode aprofundar as disparidades sociais, já que diferentes grupos, têm diferentes níveis de acesso à informação, resultando em vozes e interesses marginalizados. Que fazer então para alterar este círculo vicioso? Para mitigar os efeitos da ignorância cívica e as suas consequências, há que urgentemente, colocar em ação uma verdadeira educação cívica e ambiental, implementando nas escolas e comunidades, programas de educação que abordem a importância da cidadania ativa e a relação e os efeitos entre a economia e meio ambiente. Fomentar o debate público, criando espaços de discussão e debate onde os cidadãos, possam compartilhar ideias e aprender sobre as implicações das políticas económicas e suas consequências ambientais. E, muito importante, apoiar a comunicação social confiável, incentivando a criação e disseminação de informações precisas e acessíveis, combatendo a desinformação e promovendo uma sociedade bem informada, onde a promoção de atividades sustentáveis, seja algo essencial e aceite como normal, estimulando iniciativas que permitam aos cidadãos escolherem práticas económicas que respeitem o meio ambiente, mesmo em condições de pressão económica. Resumindo, a ignorância cívica é um desafio significativo para a democracia e para a preservação do nosso planeta e os políticos governantes deveriam ser os maiores promotores no seu combate. No entanto, enfrentar esse desafio requer um esforço coletivo e direcionado, que envolve educação, mobilização e responsabilidade cívica. Juntos, liderados por governantes que também eles, não sofram de ignorância cívica ou não a promovam, é possível construir uma sociedade onde todos os cidadãos sejam capazes de interpretar o mundo de forma crítica e efetuar mudanças que garantam um futuro sustentável para as próximas gerações.