Centro de Abate desmente adesão total à greve
Entidade garante que dos 45 trabalhadores do quadro, 16 aderiram à paragem
Caso não sejam distribuídas as cerca de 60 carcaças ao longo dos próximos dias, administrador do CARAM estima perca na ordem dos 150 mil euros
A greve no Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira (CARAM) regista hoje 35% de adesão - neste que foi o primeiro dia sem a obrigação de serviços mínimos, após a suspensão determinada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal.
Percentagem de adesão que se distancia largamente dos números apresentadas pelo dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, Nelson Pereira, ao avançar, em conferência de imprensa, com uma adesão de "praticamente 100%"
Acontece que segundo os dados do CARAM, dos 45 trabalhadores do quadro, um total de 16 aderiram à greve, o que corresponde a 35% do total. Outros 16 colaboradores apresentaram-se ao serviço e os restantes 13 funcionários estão de férias ou de baixa médica.
Em declarações à TSF-Madeira, Duarte Sol, administrador da empresa, explicou que estes 16 trabalhadores que se apresentaram ao serviço têm agora a difícil tarefa de distribuir as mais de 60 carcaças que se encontram no Centro de Abate.
Hoje a grande questão é efectivamente conseguir fazer sair o produto do abate dos passados dias 11 e 12. Eu relembro que foram abatidas nesses dois dias um total de 61 reses. Já fizemos sair hoje um carro com 12,5 reses para tentar salvaguardar o abate relativo à Festa do Monte e à Festa da Guadalupe na Porto Cruz. Mas como é óbvio, nós estamos perante uma situação em que nós não estamos a funcionar dentro da normalidade. Hoje seria um dia para sair em 40 carcaças da equipa de distribuição e estamos a fazer sair 12. Duarte Sol
Tribunal suspende serviços mínimos no Centro de Abate da Madeira após recurso sindical
O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas informou hoje que o Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal suspendeu com efeitos imediatos o despacho conjunto que fixava serviços mínimos no Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira, na sequência de uma providência cautelar interposta pelo referido sindicato contra a intenção do Governo Regional.
Caso a carne não seja distribuída, Duarte Sol estima um prejuízo de centenas de milhares de euros para os apresentantes. E tudo porque existem prazos legais que têm de ser cumpridos à risca.
"Obriga a fazer sair o produto até o máximo de sete dias após o abate. O que é que acontece se esses sete dias não forem respeitados? Há uma deposição na meia serra do produto integral do abate que não foi distribuído, ou seja, há uma destruição a 100% do produto do abate. Fazendo uma conta muito simples para 60 carcaças, estaremos a falar de um prejuízo para os apresentantes seguramente na casa dos 150 mil euros só para estas 60 carcaças", adiantou.
Uma greve que se iniciou na segunda-feira e deixa de estar abrangida pelos serviços mínimos decretados pelo Governo Regional – e que estiveram em vigor por apenas dois dias.
Além de todos os constrangimentos mencionados, o administrador do CARAM lembra que as situações urgentes também deixam de estar salvaguardadas.
A título de exemplo, posso dizer que uma das funções que estavam garantidas em termos de serviços mínimos, para calcular toda uma série de situações que poderiam surgir e que colocam ou podem colocar em causa a saúde pública, foi o caso de um apresentante da Ponta do Sol que hoje contactou os serviços porque o animal que estava na sua posse partiu uma pata. Um animal pesado, forte, e que obrigaria a que eu destacasse, dos meus serviços, dois ajudantes e um carro de frio para proceder ao abate na exploração do senhor e, depois, trazer para cá [CARAM] a carcaça, garantindo o total aproveitamento, dentro daquilo que são as nossas determinações legais. O que é que vai acontecer nesta situação? O animal, eventualmente, vai ser abatido e vai ser enterrado ou descartado, portanto, haverá uma destruição a 100%. É um pouco este tipo de situação que quisemos acautelar para serem fixados os serviços mínimos. Duarte Sol