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Fact Check Madeira

Vias de aceleração e abrandamento da VR1 são inapropriadas?

Muitos automobilistas queixam-se das vias de aceleração e abrandamento existentes ao longo da Via Rápida, considerando-as inapropriadas devido ao seu comprimento reduzido.

Nó das Quebradas, na VR1 em São Martinho. 
Nó das Quebradas, na VR1 em São Martinho. , Foto: OD/Arquivo

Um acidente na Via Rápida (VR1) envolvendo um ligeiro e um motociclo, ocorrido esta segunda-feira, dia 5 de Maio, na zona do Nó da Boa Nova, no sentido Ribeira Brava – Machico, foi associado, por alguns leitores, à inexistente via de aceleração no referido acesso.

‘Motociclista sai ileso após colisão à entrada da via rápida’ foi o título da notícia veiculada em dnoticias.pt, cuja descrição dava conta que o motociclista, que estaria a entrar na VR1, havia, felizmente, saído ileso da colisão ocorrida “na entrada da Boa Nova, no Funchal”.

Entre as várias reacções e comentários ao acidente, houve quem associasse o acidente à ‘via de aceleração’ que pura e simplesmente não existe no referido acesso à VR1. Outros foram mais longe ao considerar que uma das causas dos muitos acidentes na VR1 são as vias de aceleração e de abrandamento inapropriadas na maioria das entradas e saídas da VR1.

“Vias de aceleração e vias de desaceleração na VR1 inapropriadas são a causa de muitos acidentes!” e “é o que dá vias de aceleração existentes”, foram alguns dos comentários à notícia do acidente em que motociclista foi abalroado ao entrar na ‘nossa autoestrada’.

Mas será verdade que o acesso à VR1 na Boa Nova, no sentido Ribeira Brava – Machico é inexistente ou que a generalidade dos 26 nós (entradas e saídas) ao longo dos 44 km de extensão da Via Rápida são inapropriados à aceleração e abrandamento dos veículos que acedem ou saem da VR1?

Se tivermos em linha de conta que as vias de aceleração e abrandamento são elementos essenciais nas autoestradas e vias equiparadas - como é o caso da VR1 - permitindo que os veículos se integrem e se retirem da corrente de trânsito de forma segura e eficiente, facilmente percebemos que são raros os Nós da VR1 que oferecem estas condições.

Ao longo da VR1 é raro o Nó com vias de aceleração capazes de serem utilizadas para aumentar a velocidade de modo a permitir que os veículos atinjam a velocidade do trânsito principal antes de se integrar no fluxo principal, e vias de abrandamento para permitir que os veículos diminuam a velocidade e se retirem do fluxo principal. O Nó da Quinta Grande é a excepção que confirma a regra.

Com a agravante de alguns nós rodoviários não terem praticamente qualquer extensão de via adjacente para facilitar a entrada e/ou saída da VR1. É o caso da entrada na VR1 no Nó da Boa Nova, que obriga os veículos a parar no limite do acesso à Via Rápida. Mas não é caso único. A mesma problemática verifica-se com maior incidência nos Nós da Alforra, da Ponte dos Frades, de Câmara de Lobos, do Esmeraldo, do Pilar, de Santo António, de Santa Luzia e da Cancela. Mas nos restantes Nós, em quase todos, as exíguas vias de aceleração praticamente só dão para o arranque da viatura e engatar a 2ª velocidade. Na generalidade dos Nós da VR1, as vias de aceleração e abrandamento são ‘demasiado curtas’ para realizar as manobras com grande segurança, ou seja, quase sem extensão para que o condutor possa acelerar progressivamente de modo a regular a velocidade de forma a não embaraçar ou perigar os veículos que circulam na via principal. O mesmo constrangimento nas saídas, face às inexistentes ou demasiado curtas vias de abrandamento, que obrigam a reduzir a velocidade para os limites da via de saída ainda quando se circula na via principal.

Se é certo e sabido que as vias de aceleração e abrandamento são essenciais para a segurança e fluidez do trânsito nas vias rápidas de modo a garantir uma transição suave e controlada entre a via principal e as vias de entrada e saída, no caso da VR1 tal não se verifica na quase totalidade das entradas e saídas.

Daí ser verdadeira a dupla conclusão de que as vias de aceleração e abrandamento na VR1 além de inapropriadas, são também a causa de muitos acidentes, que no caso do Nó da Boa Nova, onde ocorreu o acidente reportado neste ‘Fact-Check’, nem se pode considerar via de aceleração o acesso local à VR1, porque os veículos são obrigados a parar no limite da via rápida antes de entrar.

“Vias de aceleração e vias de desaceleração na VR1 inapropriadas são a causa de muitos acidentes!”