Acordem que há sempre uma esperança

Há um grande cronista português que, com a experiência de vida que tem hoje, conseguiu aquilo que muito poucos conseguem: dizer bem dos portugueses — e fazê-lo de forma brilhante.

Não, não sou eu, já vos digo!

Faço esta introdução para vos falar dos 30.000 votos e dos “Cheganos” em geral. Sim, foi este o número de votos que esse partido teve aqui na ilha. Um reflexo claro do que se passa a nível nacional.

Infelizmente, esta malta precisa — como se diz na gíria — de um “abre-olhos”. Grosso modo, estamos a falar de um eleitorado entre os 18 e os 55 anos, maioritariamente sem o ensino secundário completo, concentrado nas freguesias mais pobres do país.

Há também uma maior presença de homens. Infelizmente, estamos a falar da baixa literacia, ou dos menos espertos. . Atenção, todos temos culpa nestes 50 anos de democracia, nesta tão baixa capacidade de perceber a realidade, ainda mais na ilha da Madeira, onde sempre priorizámos o desenvolvimento do betão em detrimento do desenvolvimento dos Homens. Voltando ao ponto: acredito sinceramente que, se este eleitorado visse um bom documentário a explicar que, nos anos 30, Portugal atravessou um período social conturbado, em que um homem, prometendo resolver os problemas financeiros do país, chega ao poder, muda as regras, impõe políticas por decreto, instaura a censura, acaba com a democracia e, no fim, ainda arrasta o país para uma guerra sangrenta.

Esse homem dirigia-se exatamente a um público como este — há 60 anos. Se todos conhecessem bem essa história, duvido que um décimo voltasse a votar Chega.

É Triste ouvir alguns a falar sobre os “corruptos”, “a imigração”, “o roubar trabalho”, “os ciganos”. É muito fácil, dizer isto de forma demagógica, por senhores muito bem falantes, como o Sr. Deputado do Chega pela Madeira, um grande obreiro do nada, demagogo, nascido dentro da jotinha, muito bem formado, saltitante funcionário público — o que diz muito da sua competência para o carreirismo político.

Pedro Trindade