Desde 2017 que o saldo da balança comercial da Madeira com o estrangeiro está em superavit, ou seja as empresas exportam mais para países da UE e fora da UE do que aquilo que importam. Nestas contas não estão os Bens enviados para Portugal continental e os Açores, que podem ser considerados bens expedidos e não exportados.
Nestes 8 anos de saldo positivo, contando já com o do 1.º trimestre de 2025, o acumulado é de quase 431 milhões de euros a mais. Mas ainda há um longo caminho a percorrer até recuperar de décadas de saldo negativo com o estrangeiro. Mais precisamente entre 1992 (entre 1976 e 1991 as contas do Comércio com o Exterior eram feitas incluindo tudo, fosse para o resto do País e fosse internacional) até 2016, a Madeira acumulou um défice entre exportações e importações de quase 2,24 mil milhões de euros. Mas, vamos por partes.
Segundo o INE, Importação é o "movimento físico de entrada de bens/mercadorias no território estatístico de um Estado-Membro com proveniência no território estatístico de outro Estado-Membro ou de um país terceiro" e Exportação é o seu contrário, ou seja, o "movimento físico de saída de bens/mercadorias do território estatístico de um Estado-Membro com destino ao território estatístico de outro Estado-Membro ou de um país terceiro".
Por outras palavras: Importação significa comprar produtos de outros países para usarmos ou vendermos cá dentro (em Portugal ou na Madeira). Exemplo: Quando a Madeira compra carros fabricados na Alemanha ou arroz do Brasil, está a importar bens. Exportação significa vender produtos nossos para outros países. Exemplo: Quando a Madeira vende vinho da Madeira para os Estados Unidos ou bananas para a Europa, está a exportar bens.
Assim, ao longo das últimas mais de 3 décadas (1992-2025) a Madeira acumula um total de quase 3,67 mil milhões de euros de exportações de bens e 5,13 mil milhões de euros de importações, gerando por isso um saldo ainda altamente deficitário com o estrangeiro de perto de 1,47 mil milhões de euros.
Mas o que importa, actualmente pelo menos, é o superavit acumulado desde 2017 tem vindo a contribuir para reduzir esse défice de 32 anos, contando apenas a balança comercial com o estrangeiro, reforce-se. Aqui não analisamos o saldo da balança comercial com o resto do país que será, seguramente, muito deficitário.
Aliás a própria Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM) reconheceu no último balanço anual para 2024 que a "informação se refere somente ao comércio com o estrangeiro realizado por empresas sediadas na Região Autónoma da Madeira, o qual é uma parcela ínfima da entrada e saída de bens na Região. Com efeito, a maioria das trocas comerciais que a RAM realiza são com o Continente. Não existe à data informação estatística sobre este tipo de comércio".
Assim, nestes 8 anos (2017-2024) e um trimestre (2025) importamos do exterior mais de 1,94 mil milhões de euros e exportamos mais de 2,37 mil milhões de euros, gerando o tal saldo positivo com o exterior de quase 431 milhões de euros.
Recorde-se que 2025 promete vir a ser o melhor ano no que toca ao saldo da balança comercial com o exterior, apesar de ainda ter ocorrido apenas 1 de 4 trimestres, mesmo porque entre Janeiro e Março batemos o recorde de exportação para o exterior num único trimestre, criando uma forte expectativa de que 2025 venha a bater o máximo de saldo de balança comercial com o exterior estabelecido em 2019 (100 milhões de euros).
Saldo da balança comercial com o estrangeiro positivo pelo 8.º ano
Desde 2017 que a Madeira exporta mais do que importa para fora do país e em 2024 o saldo foi de 98 milhões de euros
É que, mesmo perante 4 crises - uma deixada para trás (pandemia de covid-19), uma aparentemente estancada (taxas de juro) e outra ainda em andamento (guerra na Ucrânia), e outra que pode muito bem ainda estar para acontecer (guerra comercial dos EUA com o Mundo) - os resultados têm sido francamente positivos.
Refira-se que a balança comercial não inclui serviços, rendimentos ou transferências correntes (esses entram noutros componentes da balança de pagamentos, como a balança de serviços ou balança corrente), sendo de destacar que a maioria das exportações da Madeira destina-se a países fora da União Europeia, enquanto as importações provêm principalmente de países da UE.
A Madeira exporta produtos alimentares e bebidas, incluindo o Vinho da Madeira, o peixe congelado e as conservas de frutas tropicais (como a banana e o maracujá), mas também produtos transformados da indústria alimentar, máquinas e aparelhos eléctricos e produtos de base vegetal e agrícola processadas.
Não sendo certo, que vá continuar neste rumo, a verdade é que a Madeira tem vindo a reforçar a sua capacidade exportadora, especialmente em produtos alimentares e bebidas, reflectindo um aumento da produção local com valor acrescentado. Isto demonstra um reforço da competitividade externa da região e uma boa integração nos mercados internacionais, ainda que uma parte significativa seja através das empresas do CINM.
No mesmo balanço de 2024, diz a DREM: "De notar também a participação que as empresas sediadas no Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) têm no comércio internacional de ambos os fluxos. Segundo o último estudo da DREM neste âmbito que teve como objeto o ano de 2023, 75,3% das exportações e 46,4% das importações foram efetuadas por empresas sediadas no CINM."
Uma vez que as exportações vêm melhorando, importa ver as importações, que "têm oscilado ao longo dos anos, com um pico em 2022. Este pode reflectir a recuperação económica pós-pandemia e o aumento da procura interna. A moderação em 2023 e 2024, seguida de um novo crescimento em 2025, pode indicar flutuações no consumo interno ou nas necessidades de abastecimento".
Assim, com saldos comerciais com o exterior positivos e crescentes, é um facto que para a Madeira manter um saldo comercial positivo nestes 8 anos consecutivos é um sinal, por si só, muito positivo, pois a economia regional está a gerar mais valor com as exportações do que a gastar com importações. Isso contribui para a redução da dependência externa e para o equilíbrio macroeconómico regional.
E isso, com maior ou menor certeza, tem impacto no desenvolvimento económico regional. Este desempenho contribui para o emprego nos sectores produtivos e exportadores, como o agroalimentar, a transformação e até o turismo indireto (exportações invisíveis). Estimula ainda investimentos locais e pode melhorar a balança corrente da região, importante para atrair fundos e apoio estrutural. E tudo mudou a partir de 2017.