Branco é, galinha o põe!
Aproveito o título deste artigo para saudar e elogiar a sabedoria do nosso povo, pelas suas “saídas airosas”, espontâneas, sentidas, muito expressivas e oportunas, com frases célebres, simplificadas e muito ‘crystal clear’, expressando microscopicamente acontecimentos, sentimentos e desfechos da nossa natureza humana e não só!
Para se conduzir um carro é preciso um seguro! Como também para se conduzir uma motorizada! Também para comprar uma casa, um barco, um terreno ou um drone, acho que é melhor ter um seguro, quando não for o caso de ser mesmo obrigatório! Mas para conduzir uma bicicleta, um velocípede ou uma trotinete, não à volta das árvores do quintal ou do jardim mas na via pública, não é necessário qualquer seguro! Nem seguro, nem capacete, nem luzes, nem carta de condução, nem Código de Estrada, nem rei, nem roque! Expliquem-me lá, aqueles que souberem, como podem estar na mesma ‘panela’ os que têm ‘permis de conduire’, que conhecem e cumprem as regras e os códigos, juntamente com aqueles que não cumprem com nada? Que não conhecem a cor verde ou a vermelha - refiro-me aos semáforos –, não conhecem o sentido do trânsito nas ruas, nos becos, andam dois e três no mesmo veículo, em cima dos passeios públicos? E, se houver um acidente, quem se magoar que se lixe, pois os seguros não ‘pegam’! Como se resolve esta situação, digamos, no mínimo ridícula, transversal a todo o país e com certeza a toda a Europa, que provoca uma instabilidade e uma insegurança permanentes? E as seguradoras, que têm seguros para tudo - uns bons e caros, outros baratos e maus - não são consideradas por quem de direito para interferir neste ‘negócio’ com tremendos riscos para toda a população, residente e visitante?
Tudo isto, para agora falar das nossas ‘pérolas’, cada vez mais na moda, quiçá ao ponto de haver uma lista de espera com queixas, pelas dificuldades na oportunidade de datas para nos poderem visitar. ‘Pérolas’ essas completamente ‘infestadas’ de ‘cani e gatti’, com visitantes, mas não com turistas, cada um com o seu feitio, com o seu género e forma de agir e actuar, sem quaisquer preocupações, nem regras, nem lisura, a maior parte deles ‘fora da lei’, lei que rege as sociedades organizadas e bem-intencionadas. Houve outro dia, um suposto guia de montanha, estrangeiro, que se queixou do preço das despesas relativas a duas ou três pessoas acidentadas que estavam à sua guarda e responsabilidade. Fico com a ideia de que muitos dos nossos visitantes provavelmente nunca saíram do bairro onde nasceram. Mas, além disso, não fazem nas suas terras aquilo que aqui resolvem fazer. Saltar barreiras em veredas encerradas! Atravessar traços contínuos, em contramão! Qualquer dia, a terceira causa de morte nas nossas ‘perolas’ será as quedas nas montanhas, logo a seguir aos enfartes do miocárdio e aos AVC! Isto é muito sério e muito importante e urgente de se resolver. Começando na parte rodoviária e acabando nas montanhas, temos de ter serviços para proteger estas pessoas, que se julgam reis ou rainhas por um dia, que aqui se apresentam desgovernadas, com comportamentos de risco, que facilmente se tornam fatais. Porque para elas ‘the sky is not the limit’. Além disso, e pensando bem, a quantidade é inimiga da qualidade.
E voltando ao tema inicial e dando razão à sabedoria popular, “branco é, galinha o põe”. Ou então, “o que é barato sai caro”. Ou ainda, “não há conta que não faça conta”!